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O asteroide – II

Mitocôndrias e Quasares

Uma das imagens mais espetaculares que registam a passagem do meteoro foi filmada a partir de um carro em movimento, onde é possível observar um objeto muito luminoso a deslocar-se a grande velocidade, provocando um grande clarão. Num outro vídeo é possível, também, visualizar o que parece ser a desintegração desse objeto em partículas menores. Estas imagens permitem compreender melhor as características deste e de outros meteoros uma vez que, tal como refere Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, a explosão ouvida corresponde à passagem do meteoro pela barreira do som, e não ao clarão que se vê nas imagens. Ainda segundo Rui Agostinho, um meteoro entra na atmosfera a uma velocidade hipersónica – de milhares de metros por segundo – e vai travando até chegar ao limite da velocidade do som, num movimento contrário aos aviões. Quanto o meteorito atinge a velocidade do som, 340 m/s, ocorre uma explosão sónica.

Apesar de a informação acerca deste meteoro ser escassa é possível referir que este meteorito terá cerca de um metro, tendo-se desfeito quando entrou, o que causou uma onda de choque. Este tipo de corpos celestes são vulgarmente designados por “estrelas cadentes”, com a diferença que este corpo era maior e estava mais perto.

As estrelas cadentes que vemos a riscar o céu são como grãos de areia que passam a cerca de 80/90 quilómetros de altitude. Este corpo celeste teria, como foi referido, cerca de um metro e entrou na atmosfera. Quando penetrou na parte mais densa da atmosfera desfez-se, tendo provocado as referidas ondas de choque.

Apesar da proximidade temporal entre este fenómeno e a passagem muito perto da Terra (cerca de 28 mil quilómetros) do asteroide 2012 DA14, os dados, até agora recolhidos, não apontam para nenhuma causa-efeito para os dois fenómenos.

Para concluir, deixo um facto histórico acerca do primeiro asteroide a ser descoberto. Na noite de Ano Novo de 1800/1801, o monge e astrónomo italiano Giuseppe Piazzi descobriu o primeiro asteroide: Ceres. Como era habitual à época muitos dos asteroides foram confundidos com pequenos planetas, como foi o caso. Deste modo, Giuseppe Pazzi, anunciou à sociedade da época com o anúncio de um novo “planeta”, chamado Ceres-Ferdinando, em homenagem à deusa Ceres e ao rei Ferdinando.

Após a descoberta, e em virtude da velhice de Piazzi, durante algum tempo não foi possível detetar Ceres-Ferdinando. Contudo, devido aos métodos de observação desenvolvidos pelo matemático Gauss, Ceres foi reencontrado. 

Com a descoberta de Ceres, muitos outros corpos celestes foram descobertos. Por exemplo, em 1802, foi descoberto um novo planeta, chamado de Pallas, em 1807 foi a vez de Vesta, já no ano de 1866, foram detetados mais de 60 novos planetas entre as atmosferas de Marte e Júpiter

Passados 200 anos, em 2006, Ceres perdeu a categoria de Asteroide e passou (regressou?) a ser denominado por planeta anão. Apesar desta nova nomenclatura, os asteroides continuam e ter importância no mundo da Astronomia, ao ponto de algumas correntes de pensamento defenderem que, algures durante a história da Humanidade, o impacto deste corpo celeste na superfície da Terra poderá ter provocado alterações climatéricas significativas.

Por: António Costa

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