A Fábrica da Igreja, responsável pela Igreja da Estação, na Covilhã, deverá ser confrontada nas próximas semanas com um novo anteprojecto para decidir o futuro daquela estrutura, apelidada por muitos como mais um “elefante branco” a destoar na paisagem na zona da estação dos caminhos de ferro. A informação é avançada a “O Interior” por Rui Ramos, responsável pela empresa de construção civil “Lambelho & Ramos”, à qual foi adjudicada a obra, transmitindo assim a garantia dada por Carlos Pinto numa recente reunião e na qual foi sugerida a possibilidade de existir um protocolo entre a Câmara da Covilhã, a empresa construtora e a Fábrica da Igreja.
Apesar de não querer adiantar pormenores, Rui Ramos admite que já concordou com o protocolo para poder levar o projecto avante, uma vez que o município e a empresa estão «empenhadas» em resolver uma situação que se arrasta desde Abril de 2002. As obras pararam nessa altura devido alegadamente a erros técnicos que impediram a junção entre os pilares que suportavam o silo – concessionado à Câmara por 25 anos – e a igreja, levando a estrutura a ceder de um dos lados. Desde então, os covilhanenses assistiram apenas à degradação constante do local, que já tem o silo subterrâneo construído e alguns pilares do templo. Mas entre os vários meses de paragem das obras, muitas polémicas envolveram aquela estrutura, principalmente após a CDU ter atribuído as culpas do impasse à autarquia pelo facto de não ter acatado a decisão do Tribunal de Contas, que chumbou a obra por ter sido adjudicada à empresa sem concurso público. Além deste problema, a CDU apontou ainda a falta de um estudo geológico do terreno, imputando assim as responsabilidades à Câmara. Rui Ramos, apontado inicialmente como sendo o responsável pelo imbróglio (por ter sido a empresa a construir as duas empreitadas), refuta as acusações alegando que a empresa apenas «alertou a dona da obra» para a discrepância dos dois projectos.
Polémicas à parte, o responsável pela empresa construtora acredita que as obras da Igreja da Estação, ambicionada há mais de 20 anos, poderão ser retomadas ainda este ano, estando agora todo o processo dependente da decisão da Comissão Fabriqueira. No que diz respeito à “Lambelho & Ramos”, há vontade em «colaborar» pelo que a empresa irá construir o equipamento pelo «preço que tinha sido acordado inicialmente», que deverá rondar 1,370 milhões de euros. Contactado por “O Interior”, o representante da Comissão da Fábrica da Igreja, o Padre Rafael, desconhece o que se passa com a Igreja, até porque há muito que não tem havido reuniões. No entanto, adianta que a comissão aguarda «um terceiro projecto» para resolver os problemas. É que antes deste, a Câmara da Covilhã – que se encarregou da obra após toda a polémica – tinha contactado arquitectos da Guarda para solucionar a empreitada, tendo sido afastados algum tempo mais tarde. Apesar do futuro do edifício já construído ainda estar a ser «equacionado», o mais provável é que as actuais edificações sejam «demolidas», supõe Rui Ramos. Não só pelos problemas técnicos existentes, mas porque a obra já se encontra bastante danificada. “O Interior” tentou ainda contactar o presidente da Câmara da Covilhã, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
Liliana Correia