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Novo plano para a Beiralã agrada aos trabalhadores

Proposta de Rui Cardoso, que vai ser hoje apreciada pelos credores, já não prevê pagar ao IAPMEI

Os trabalhadores da Beiralã deverão votar favoravelmente o plano de insolvência da empresa senense, baseado na continuidade da exploração por parte da administração de Rui Cardoso, naquela que será a terceira assembleia de credores, agendada para hoje. De acordo com o coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), há acordo entre os funcionários e o empresário «porque todos os créditos foram finalmente reconhecidos».

O acordo, verbal, surgiu na sequência de um encontro que sentou à mesma mesa o administrador de insolvência, os três advogados que representam os cerca de 200 trabalhadores e o da Beiralã e que decorreu, segundo Carlos João, no passado dia 13. «Se o documento que for levado à assembleia de credores corresponder ao que foi falado nessa reunião, então os trabalhadores votarão favoravelmente o plano», adianta o sindicalista. Explica que o Fundo de Garantia Salarial vai pagar até 8.100 euros a cada um e que o restante dos créditos «será liquidado por Rui Cardoso em duas prestações». A ser aprovado o plano, a primeira será paga no próximo ano, com o coordenador do STBA a falar de um total de 700 mil euros nesta fase, enquanto que o restante será liquidado seis anos após o trânsito em julgado.

O sindicalista congratula-se com o acordo e diz ainda estar «satisfeito porque a empresa poderá ser viabilizada, o que significa que 150 pessoas voltarão a ter trabalho». «Até aqui tinha razões para não estar optimista em relação à viabilização, mas agora acredito que pode ser possível», afirma. Parte dos funcionários, os que foram despedidos em Abril, «já começou a receber as cartas do Fundo de Garantia Salarial» com a indicação do valor que cada um tem direito, revela.

A proposta que vai ser apreciada esta manhã será similar à que foi apresentada a 27 de Outubro no Tribunal de Seia no que respeita aos outros credores. A única excepção é o IAPMEI, entidade a que Rui Cardoso propunha pagar, no anterior documento, 15 por cento do total da dívida. No novo plano, o IAPMEI nada recebe, adianta o administrador da Beiralã, que aponta dois motivos para esta alteração. «Em primeiro lugar, tivemos de aumentar as verbas destinadas aos trabalhadores», explica, acrescentando que a outra razão se prende com «o facto de ter se apresentar as mesmas condições para todos os credores comuns».

Apesar disso, Rui Cardoso mostra-se confiante quanto à intenção de voto daquele credor: «Não acredito que o IAPMEI vote contra por já não ter os 15 por cento e que inviabilize a Beiralã», afirma. «Desde a primeira hora que acredito que todos votarão favoravelmente o plano», acrescenta o empresário. A proposta aponta, assim, para o pagamento da totalidade da dívida à Segurança Social, com o empresário a entregar as instalações da antiga Ninafil, na Covilhã, avaliadas em 780 mil euros, e antes do trânsito em julgado. O documento diz que o restante será pago num prazo de 10 anos. Dos restantes credores, só a francesa Chargeurs Wool, firma que requereu a insolvência, tem direito a receber parte da dívida. Rui Cardoso prevê pagar-lhe 25 por cento.

No total, a dívida da Beiralã, declarada insolvente a 1 de Abril, ascende aos 12 milhões de euros, com a Segurança Social e o IAPMEI a deterem, juntos, 40 por cento. As duas primeiras assembleias de credores foram suspensas, visto que as propostas não agradaram à maioria, que pediram novas versões.

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