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Novo parque eólico anima economia de Trancoso

Está a ser construído mais um parque eólico no concelho de Trancoso – constituído por três sub-parques –, o que irá elevar o número de torres para 37 e a potência total instalada para 85 megawatts

O concelho de Trancoso já está a “colher frutos” da construção de um novo parque eólico, uma vez que há dezenas de trabalhadores envolvidos, de várias zonas do país, que estão a dar um novo fôlego à economia local, nomeadamente a restaurantes e ao mercado de arrendamento. Isto porque o consórcio ENEOP – Elétricas de Portugal, que reúne a EDP Renováveis (EDPR) e a GENERG, está a construir o “Parque Eólico da Beira Interior”, que terá uma potência total instalada de 57,5 megawatts. Este “junta-se” ao parque da GENERG, em funcionamento desde março de 2008, que tem 14 aerogeradores e uma potência instalada de 28 megawatts.

O novo parque integra três subparques, num total de 25 aerogeradores com 2.300 quilowatts de potência unitária: um deles na Aldeia Nova (23 megawatts de potência instalada e dez torres), um no Cabeço de Oiro (23 megawatts e dez torres) e outro em Rio de Mel-Castanheira (cinco torres e 11,5 megawatts no total). Segundo António Lobo Gonçalves, da EDP Renováveis – que tem uma participação societária de 40 por cento na ENEOP –, «a Câmara Municipal de Trancoso receberá uma renda de 2,5 por cento sobre as receitas mensais da venda de energia elétrica feita no parque». Assim que o “Parque Eólico da Beira Interior” esteja pronto e funcional, o administrador da EDPR estima que o Município vá receber anualmente, em média, «270 mil euros».

E não descarta mais investimentos no concelho trancosense, ainda que tal não dependa só da EDPR: «O licenciamento de novos projetos de parques eólicos está suspenso em todo o país», lembra Lobo Gonçalves, ressalvando que «a EDPR não deixará de analisar a possibilidade de desenvolver novos projetos em Trancoso logo que surjam novas oportunidades em Portugal». Não obstante, a construção do novo parque já “mexe” com a economia local «sobretudo pelo recurso a mão-de-obra e serviços locais, como restauração e hotelaria, que se poderá manter, de uma forma mais reduzida, durante a exploração do parque», antecipa o engenheiro.

Economia já está a beneficiar

O “movimento” de pessoas e bens resultante da construção dos três subparques já está a ter consequências benéficas na economia local. «Envolve dezenas e dezenas de trabalhadores, o que anima a restauração e a hotelaria, até porque há gente de várias zonas do país», sublinha António Oliveira, presidente da AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira, considerando que «tem impacto na economia local». Os contributos para a economia continuarão após a conclusão das obras, até porque implica o pagamento de algumas rendas, nomeadamente à Câmara de Trancoso. «É uma receita importante», frisa o responsável.

O restaurante “O Marquês” é um dos espaços que tem lucrado com a presença de trabalhadores de fora do concelho nos parques, o que tem permitido contrariar a tendência que se vinha a sentir nos últimos anos. «Nota-se bastante», disse Luísa Dias, indicando que «deu-se um aumento de cerca de 50 por cento, sendo que nos últimos anos tínhamos tido uma descida na ordem dos 70 por cento». Luísa Dias não tem dúvidas que o investimento é uma «mais-valia» para o concelho, mas também para os comerciantes, que podem respirar um pouco de alívio, ainda que «não se saiba como vai ser» quando aos trabalhadores forem embora. Já nos restaurantes “Rota dos Cavaleiros” e “Chafariz do Vento”, os efeitos ainda não se fazem sentir da mesma forma, segundo os proprietários, que esperam um impacto maior nas próximas semanas. Por sua vez, os trabalhadores têm arrendado casas e quartos, nomeadamente nas aldeias envolventes, o que também tem contribuído para haver mais movimento nos cafés e nas bombas de gasolina.

GENERG pagou ao Município 195 mil euros em 2012

Segundo o Relatório e Contas da GENERG referente a 2012, o parque eólico em Trancoso representou, em termos de faturação, cerca de 7,7 milhões de euros, mais 16 por cento do que no ano anterior, quando registara quase 6,7 milhões de euros. Nesse mesmo ano, a empresa pagou quase 195 mil euros à Câmara de Trancoso, referente a 2,5 por cento das receitas mensais.

Atendendo aos dados financeiros consolidados, o parque eólico de Trancoso teve rendimentos na ordem dos 8,2 milhões de euros e gastos de mais de 5,5 milhões de euros, o que representa lucros de quase dois milhões de euros, segundo o relatório. À data, este era o terceiro parque com mais potência instalada no que diz respeito à produção eólica da GENERG: com 28 megawatts, Trancoso só ficava atrás de Pinhal Interior (144 megawatts) e Caramulo (90 megawatts). Já em termos de produção anual, o parque trancosense surgia em quarto com 75 gigawatts por hora, atrás de Pinhal Interior (318 gigawatts por hora), Gardunha (299 gigawatts por hora) e Caramulo (180 gigawatts por hora), num universo de 11 parques eólicos a nível nacional. Quanto ao desempenho de Horas Anuais Equivalentes (HAE) de funcionamento, que registou um valor médio de 2.288 HAE (2.106 HAE em 2011) em 2012, Trancoso surge em destaque, com o segundo melhor resultado, ao registar 2.683 HAE, apenas superado por Mosqueiros (2.827 HAE).

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