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Novo hospital da Guarda nascerá na zona do Torrão

Apesar das controvérsias, Luís Filipe Pereira diz que aquele terreno é o mais adequado tecnicamente

«Não vamos fazer nenhuma polémica disto». É assim que Luís Filipe Pereira suaviza a questão do processo de construção do novo hospital na Guarda, face à controversa escolha do terreno que tem agitado as “águas” na cidade. Apesar de ter passado ao lado da capital de distrito na última terça-feira com direcção a Pinhel e a Gouveia, para desprazer da presidente da Câmara Municipal, o ministro garantiu que a nova unidade hospitalar guardense vai ser uma realidade. E mais: assegurou que nascerá no terreno aconselhado pelo Grupo de Missão para as Parcerias na Saúde, que «é o organismo indicado para o efeito», diz, referindo-se à zona do Torrão.

Na verdade, trata-se de um terreno que tem causado forte discussão no seio da autarquia guardense, a quem cabe a disponibilização e infraestruturação. Maria do Carmo Borges nunca aceitou a ideia de construir o novo hospital na zona alegadamente já escolhida, tendo numa primeira fase optado pela Quinta da Maúnça, que apenas teria que infraestruturar por se tratar de um terreno camarário, e posteriormente pela cerca do Parque da Saúde, cujo espaço defende agora. Mas, ao que parece não é essa a opção do Grupo de Missão, que já demonstrou ao ministro da Saúde as razões técnicas para a escolha do Torrão. «Para já, a localização mais adequada que eu tenho do ponto de vista técnico é aquela que me foi indicada pelas parcerias da saúde», explica Luís Filipe Pereira, salientando que quando escolhe um terreno fá-lo de «forma técnica» sempre aconselhado pelo organismo competente. E vai mais longe, referindo que «quando escolhemos aquele local foi baseado em coisas práticas e concretas», retirando qualquer possibilidade da escolha poder ser alterada. «O hospital vai ser construído e naquele terreno», insiste o ministro.

A “bola” passa agora para a mão da presidente da Câmara, que na última reunião do executivo garantiu que não assinará o protocolo do Grupo de Missão caso a opção recaía mesmo sobre o Torrão. É que Ana Manso terá dito que «politicamente o terreno estava escolhido» e agora Maria do Carmo quer saber se «é técnica, [como diz o ministro], ou política, [como diz a vereadora da oposição], porque é aí que as coisas não batem certo», diz a autarca. De qualquer forma, Luís Filipe Pereira assevera que vai falar com Maria do Carmo Borges, pois de todos os hospitais que o Governo anunciou, a «regra» tem sido as câmaras disponibilizarem os terrenos, acrescentando que a escolha na Guarda «não foi um acto sem suporte», mas «fruto de uma indicação técnica». O ministro diz ainda que quer evitar «um tom polémico» em torno desta questão, pedindo antes que «conjuguemos esforços para que haja um hospital na Guarda, o que já está fora de causa», afiança. Isto porque o processo guardense está no “timing” «adequado», dado que não faz parte do primeiro conjunto de cinco hospitais anunciados para serem construídos através das parceiras publico/privado. «Nunca disse que a Guarda estava no primeiro conjunto», frisa o governante, para quem o hospital «se fará com certeza e tudo o resto são acidentes de percurso».

O terreno é o elemento «decisivo»

Quanto ao facto de ainda não ter recebido a presidente da Câmara da Guarda, Luís Filipe Pereira garante que isso vai acontecer, pois tem falado com «todas» as pessoas e «obviamente» falará também com Maria do Carmo. O ministro diz ainda que tem discutido os problemas dos novos hospitais com «todos» os autarcas «sejam da cor política que forem», dando o exemplo de Loures, Vila Franca de Xira e Cascais. Sem avançar qualquer data para o encontro, o governante revela apenas que o elemento «decisivo» para acelerar o lançamento das estruturas «em todo o lado» é o terreno, pois o que for disponibilizado mais cedo poderá ser colocado à frente na ordem de prioridades, explica. Apesar de também não querer polémicas com o ministro, Maria do Carmo Borges não gostou de ter sido desprezada na sua recente visita ao distrito. Depois de já ter enviado duas cartas solicitando-lhe uma audiência, a autarca gostava de ter sido convidada a encontrar-se com Pereira num dos concelhos visitados para, «pessoalmente», lhe colocar toda a situação do hospital. Mas como não o foi, a edil espera agora que o ministro agende outra data para vir a curto prazo à “cidade mais alta”. «Devemos dar o benefício da dúvida e é isso que quero pensar, que o ministro queira fazer essa surpresa à presidente da Câmara da Guarda», ironiza a autarca, considerando que não se deve ouvir só os técnicos de um lado. «É necessário ouvir os do outro também», conclui.

Rita Lopes

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