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Novo “Guarda Mall” em perspectiva

Arquitecto holandês está a elaborar outro projecto de centro comercial para a zona do mercado municipal

A alteração ao Plano Director Municipal (PDM) na Quinta dos Pelames está a avançar a todo o vapor. Neste caso pelo menos não será por falta de empenho dos serviços da autarquia que o processo se vai arrastar nos gabinetes. É que, na última reunião de Câmara, o executivo aprovou o documento orientador do trabalho técnico para a elaboração do Plano de Pormenor da zona do mercado municipal e central de camionagem. Tudo para que o atraso na construção do “Guarda Mall” seja o mais curto possível.

E neste assunto parece não haver tempo a perder. Por exemplo, passaram quatro meses desde a primeira deliberação do executivo sobre a necessidade de alterar o PDM naquela área, que incluirá brevemente um lote para equipamento público, outro para comércio e mais um para habitação. Uma descrição à medida do projecto da TCN, que pretende ali construir um edifício para habitação e escritórios. Resta saber como será, porque os promotores voltaram à estaca zero em termos de projecto e já prescindiram do “Guarda Mall” tal como o conhecemos. É que a ideia de Capinha Lopes foi abandonada, estando actualmente a trabalhar no novo centro comercial um arquitecto holandês que tem colaborado frequentemente com o gabinete de Tomás Taveira. Aliás, o autor dos edifícios das Amoreiras, em Lisboa, esteve na Guarda para ver o local, mas acabou por sugerir o seu colega holandês. Entretanto, a maioria socialista acredita agora que será possível ter tudo pronto dentro de seis meses para iniciar a discussão pública do Plano de Pormenor e fazer avançar o “shopping”, mas já com mais rigor na adequação à legislação de licenciamento comercial vigente.

Em destaque esteve também o PIDDAC destinado ao município para 2007. O assunto mereceu mesmo uma moção, aprovada por unanimidade, em que a Câmara da Guarda manifestou o seu «profundo descontentamento» pelos 1,7 milhões de euros atribuídos. Um montante que levou executivo a pedir à administração central «mais solidariedade e uma atitude positiva de empenhamento para com os projectos estruturantes da cidade e do concelho». Desta vez, os eleitos do PS e PSD juntaram-se nas críticas às intenções de investimento do Estado, com destaque para o vice-presidente. «A Guarda foi, mais uma vez, maltratada pelo poder central», criticou Vergílio Bento, enquanto a Ana Manso classificou o PIDDAC para a Guarda de «magricela e injusto». A vereadora também concordou que a fraca dotação (360 mil euros) atribuída à remodelação do Hospital Sousa Martins «nem vai dar para fazer o projecto». Uma desilusão que ficou lavrada na moção. «Com excepção do Centro de Saúde, não está previsto nenhum novo investimento público no concelho nas áreas da saúde, da educação, da economia e das acessibilidades», denuncia o executivo.

Os vereadores lamentam ainda que a ampliação e remodelação do Hospital continue a ser «eternamente adiada», o mesmo acontecendo com a «esquecida» “Estrada Verde”, uma ligação rodoviária entre a Guarda e o maciço central. Como se não bastasse, o município constata que a redução registada no PIDDAC para a Guarda é superior à média nacional. Isto é, a dotação baixou 9,3 por cento comparativamente ao previsto para este ano, quando no resto do país os cortes ficaram-se pelos seis por cento. «Esta atitude da administração central contraria profundamente os objectivos das Grandes Opções do Plano e não contribui para reforçar a coesão territorial e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos deste concelho», sublinha a moção. A Câmara tomou também conhecimento do relatório da comissão técnica que está a trabalhar na requalificação da Rede Urgência Geral, mas aqui as opiniões divergiram. Sabe-se que o Hospital Sousa Martins vai acolher um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC), o que para a social-democrata significa a perda de especialidades nesta área. Não, argumentou Vergílio Bento, para quem «tudo fica na mesma».

Luis Martins

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