Apesar de nem o presidente, nem o treinador, o assumirem claramente, o grande objectivo do Sporting da Covilhã para a época que se avizinha é regressar à Liga de Honra. No entanto, para concretizar tal intento não basta à equipa treinada pelo jovem Vítor Cunha terminar no primeiro lugar da série C da IIª Divisão, pois os novos moldes da competição obrigam à disputa de um “play-off” com o vencedor da série D.
O plantel ainda não está fechado, podendo ainda receber alguns jogadores emprestados oriundos de clubes de escalões superiores, mas já é notória uma mescla entre muita juventude e alguns elementos bastante experientes como são os casos de Piguita e Rui Morais. Quanto a reforços já estão assegurados nove caras novas: os defesas Romício (ex-Louletano e irmão de Luizinho), João Cardoso (ex-Braga B) e Edgar Carvalho (ex-Abrantes); os médios Dani (ex-Benfica e Castelo Branco), Jorge Nuno (ex-Gondomar), Salcedas (ex-Lusitânia dos Açores) e Alex (ex-Micaelense); por último, os avançados Bruno Nogueira (ex-Desportiva do Fundão) e o brasileiro Everton (ex-Bragança) que não esteve presente na apresentação, devidamente autorizado pela direcção do Covilhã a juntar-se aos companheiros apenas na próxima segunda-feira. Foi promovido ainda o médio, ex-júnior do clube, João Martins. Quanto aos também ex-juniores Micael, Bernardo, Quelhas e Samuel vão, por enquanto, treinar com o plantel sénior, cabendo ao técnico decidir se continuarão ou não a trabalhar com os mais velhos. À experiência vão estar dois atletas: Manu (ex-União de Coimbra) e Carlos (ex-Alcains). Da época transacta continuam Luciano e Serrão (guarda-redes), Piguita, Rui Morais e Real (defesas), Cordeiro (médio) e Paulo Campos e Luizinho (avançados). Em aberto continua a possibilidade do guardião covilhanense Luís Miguel poder renovar contrato com o emblema serrano.
Devido ao mau estado do relvado do Complexo Desportivo da Covilhã, o plantel iniciou na última terça-feira um estágio na cidade do Sabugal que se poderá prolongar por duas semanas. Aquilo que para a direcção constituiu mais uma “dor de cabeça”, acaba por agradar sobremaneira ao técnico, uma vez que consegue ter o plantel todo junto durante este período, o que permite «ganharmos mais espírito de grupo e identificarmo-nos mais uns com os outros», frisa. O ex-jogador do clube, de apenas 33 anos, ambiciona uma «equipa aguerrida que lute sempre para ganhar», ao mesmo tempo que realça que na IIª Divisão, o Covilhã é sempre apontado como candidato ao título. Neste sentido, «pensamos que poderemos ter essa capacidade para subir», realça. Quanto aos jogadores que compõem o plantel, Cunha deseja que a “mistura” entre a experiência de alguns jogadores e a «agressividade e irreverência», própria dos mais novos, resulte.
Também confiante na subida está o presidente José Mendes que, sem querer revelar os números, garante que o orçamento do Covilhã é «muito barato», mais baixo do que de há dois anos quando o clube subiu à Liga de Honra. Deste modo, o plantel apresentado na última segunda-feira é o «possível neste momento», frisa. Contudo, na IIª Divisão, «seja com que atletas for, seja um clube amador ou não, treine à tarde ou de manhã, o Covilhã é sempre um candidato ao título. Agora não vamos é dizer já que queremos subir de divisão porque sabemos que há vários candidatos com orçamentos bastante elevados», realça.
O primeiro jogo-treino dos comandados de Vítor Cunha está agendado para dia 4 de Agosto frente ao Gondomar, da Liga de Honra, no Complexo da “cidade-neve”. Seguem-se Penalva do Castelo (9 de Agosto) e Naval 1º de Maio (11 de Agosto), também na Covilhã. Dias 15 e 18, os “Leões da Serra” visitam os redutos do Benfica e Castelo Branco e Penalva do Castelo. Por último, mais dois jogos na Covilhã. Dia 23 com o Abrantes e a 27 com a formação albicastrense.
«A Federação e a Liga são uma vergonha»
Perante a indefinição que se vive na IIª Divisão, onde ainda não se sabe, por exemplo, quando o campeonato vai começar ou quantas equipas vai ter cada série, José Mendes não hesita em afirmar que o futebol profissional «está mal, mas o não profissional coitadinho está de rastos», ironiza. «É uma vergonha o que se passa no futebol português e a nível dos campeonatos não profissionais então caímos na bagunça, estamos no meio da bagunça e portanto temos é que nos “safar” de cá o mais rápido possível e é isso que vamos tentar fazer», garante. O presidente do Covilhã assegura ter conhecimento de clubes que estão a fazer contratos mês a mês com os jogadores, enquanto «nós estamos a fazer contratos de 10 meses. Isto é tudo uma pouca vergonha», desabafa. Por outro lado, o dirigente afirma que a «Federação e a Liga são uma vergonha. A Liga até este momento só pagou o dinheiro do Totobola ao Covilhã até ao mês de Janeiro. Nós já nem pertencemos à Liga, acho que deviam fazer contas connosco porque não devemos um tostão à Liga», contesta.
Ricardo Cordeiro