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«Nomeação para prémio de Desportista do Ano é uma recompensa pelo meu esforço e dedicação»

Cara a Cara – Ana Borges

P – Acaba de ser nomeada para o prémio de Desportista do Ano da Confederação do Desporto de Portugal, na categoria de Atleta Feminina. Que significado tem para si esta nomeação?

R – Confesso que fiquei bastante surpreendida com esta nomeação, mas considero que se trata de um prémio pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver ao longo dos anos e, a meu ver, mostra que o esforço e o tempo dedicado acabam por ter uma recompensa. Tenho de destacar também a ajuda das minhas companheiras e treinadores, pois sem eles não sei se chegaria onde estou. Por isso, esta nomeação não é só minha, mas também deles.

P – Concorre juntamente com nomes relevantes do desporto nacional, como Telma Monteiro, Teresa Portela ou Jéssica Augusto. Alguma vez pensou chegar a este patamar?

R – Na verdade nunca me passou pela cabeça chegar até aqui e é uma honra poder ombrear com esses nomes na lista de nomeações. Mas penso que ainda há um longo caminho pela frente, durante o qual posso aprender e crescer mais.

P – Como surgiu a prática do futebol na sua vida?

R – Comecei a praticar futebol na equipa da Fundação D. Laura dos Santos, de Moimenta da Serra, através de uma amiga que um dia me convidou para lá jogar. Na altura, achava ridículo correr atrás de uma bola. Até jogava na escola, mas não me parecia um desporto interessante de praticar. Ainda assim, resolvi ir e com o tempo e a ajuda de outras pessoas acabei por mudar de opinião. E ainda bem.

P – Passou recentemente pela liga norte-americana de futebol feminino. Que balanço faz dessa experiência?

R – Foi uma experiência única e o concretizar de um sonho, porque ambiciono sempre mais. Nunca pensei que fosse possível lá chegar e logo tão cedo. Penso que foi uma etapa bastante positiva da minha carreira, na qual tive a oportunidade de jogar contra grandes nomes do futebol feminino mundial, como é o caso das internacionais norte-americanas Hope Solo, Alex Morgan ou Megan Rapinoe, o que é realmente gratificante.

P – Agora que está de volta a Espanha, que objetivos tem para os próximos anos da sua carreira?

R – Na minha mente tenho presente a ideia de continuar a crescer como jogadora e como pessoa, seja em Espanha ou em qualquer outro lugar, mas um dos meus maiores objetivos é mesmo jogar noutro país, pois tenho o desejo de experimentar outras ligas. Se o futebol feminino continuar a evoluir em Portugal e se tiver sorte, penso que posso jogar ao melhor nível nos próximos dez anos.

P – Jogando no campeonato espanhol, e depois de passar pelos Estados Unidos, quais são as principais diferenças que identifica relativamente ao futebol feminino português?

R – Infelizmente ainda há uma diferença assinalável entre o campeonato português e as ligas de Espanha e dos Estados Unidos, mas acredito que dentro de alguns anos essa diferença vai desaparecer ou que, pelo menos, não seja tão significativa. Também é certo que se olharmos para o futebol feminino português neste momento e compararmos com a realidade de há uns anos notamos que está bastante melhor e a crescer significativamente, muito por força do trabalho dos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol, das associações e dos clubes.

P – Na sua opinião, o que falta em Portugal para que o futebol feminino evolua?

R – Em Portugal, o que realmente falta é que os clubes grandes como o FC Porto, o Sporting ou o Benfica apostem no futebol feminino e formem uma equipa. A participação dessas instituições, devido ao prestígio dos seus nomes, atrairia mais atenções para o futebol feminino e daria outra imagem ao campeonato nacional. Haveria certamente uma maior competitividade entre as equipas e não uma diferença tão grande como a que existe atualmente. Para além disso, às vezes há raparigas que têm jeito para o futebol mas não sabem onde ir jogar, o que é uma grande diferença em relação ao futebol masculino. É também por isso que precisamos de mais equipas. A meu ver, é também necessário um pouco mais de apoio e divulgação ao futebol feminino, já que, infelizmente, o futebol em Portugal ainda é visto como um desporto só para homens.

Ana Borges

«Nomeação para prémio de Desportista do Ano
        é uma recompensa pelo meu esforço e dedicação»

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