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Noites quentes

Paulatinamente, ano após ano, o torneio primavera de futsal na Guarda tem vindo a afirmar-se. Ao nível do número de espectadores a adesão ao torneio é cada vez maior. Não sei se serão aí umas duas mil pessoas, a lotação do pavilhão, mas o que sei é que nos dias dos chamados jogos importantes, normalmente a partir dos quartos-de-final, o pavilhão de S. Miguel fica cheio. Tanto que é difícil a quem entra já no decorrer dos jogos encontrar lugar condigno nas bancadas para seguir as peripécias do que vai acontecendo no palco de acção que é o jogo. Não será um exagero dizer que o torneio é um sucesso de popularidade. Numa cidade como a Guarda, onde as pessoas pouco saem, seja por falta de motivos ou por inércia própria, é caso para dizer que o torneio se tem assumido como uma referência de exemplo. As razões deste sucesso estão sem dúvida no modelo escolhido pela organização. As principais parecem-me ser a continuidade e o aperfeiçoamento ano após ano. Aos poucos foi-se afinando o torneio: melhorou-se a arbitragem; criaram-se rotinas; E agora o torneio quase anda por si mesmo.

É certo que algumas críticas têm surgido na comunicação social, como seja o caso de uma troca de horários sem prévio aviso ou o facto de um certo “viciamento” do torneio (por serem praticamente sempre as mesmas equipas e os mesmos jogadores), mas o certo é que essas críticas serão sempre pouco quando comparadas com a adesão de público à prova. Esse sim é o principal critério pelo qual o torneio deverá ser avaliado. Quem vai assistir, vai porque gosta, porque pensa que vale a pena. E o certo é que desde novos a velhos, de homens a mulheres, muitos são os que encaminham os seus passos nas noites de primavera para o pavilhão de S. Miguel. Razões haverá para que tal aconteça. Talvez muitos dos espectadores sejam atraídos porque o nível das equipas e dos jogadores seja a suficiente e o espectáculo valha a pena, outros provavelmente irão porque terão uma relação próxima com os jogadores, talvez familiares, ou amigos ou conhecidos. De qualquer forma o movimento de ida aos jogos é grande e fácilmente é constatado pela quantidade de carros que estacionam na zona. Por vezes até barracas de comes e bebes por lá estacionam

Em termos estritamente desportivos, agora só falta a final, que deve ser jogada entre a equipa “azul-praia” e a equipa do “Pinheiro”. Para trás ficaram eliminadas, nas meias-finais, em dois jogos de grande emoção, as equipas do Botafogo e das Lameirinhas. Dois jogos em que o resultado esteve indeciso durante a maior parte do tempo. As claques no entanto deram uma ajudinha, e a maior força de apoio das equipas vencedoras é bem capaz de ter feito a diferença. Registe-se no entanto o valor das duas equipas eliminadas. Talvez para o ano, com um pouco mais de trabalho e de sorte, sejam elas as finalistas. Agora na final o favorito é a equipa do “Pinheiro”, mas sabe-se como por vezes o futebol é fértil em surpresas.

O certo é que para os lados de S. Miguel o ambiente fica mais quente nas já de si quentes noites da primavera.

Por: Fernando Badana

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