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«No Queijo Serra da Estrela compensa apostar na qualidade»

Alfredo Saraiva é o rosto de uma queijaria artesanal que existe há 14 anos e cujos produtos já chegaram ao Brasil

Na freguesia de Freches, no concelho de Trancoso, mora um dos maiores produtores de queijo Serra da Estrela certificado do país, com uma produção anual estimada em 15 toneladas. Alfredo Saraiva diz que é o terceiro, mas revela a esperança de conseguir aumentar a produção anual em 1.500 quilos, o que lhe permitirá «ser o maior produtor da região e do país dentro de um ou dois anos».

A crise não existe para a Alfredo & Saraiva, Queijaria Artesanal Lda, já que «este ano tem sido bastante melhor do que 2011, que já foi melhor que 2010. O negócio do queijo, pelo menos para mim, tem registado um crescendo», revela Alfredo Saraiva. Este produtor conta que os seus pais já faziam queijo, como quase toda a gente na região, e portanto «alguns ensinamentos» já vêm da sua juventude. A aposta na produção daquela que foi considerada uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa surgiu há 14 anos, quando Alfredo Saraiva regressou da Suíça, onde esteve radicado durante mais de uma década. «Para além de ser uma atividade que já conhecia, é também algo que gosto de fazer», revela este produtor, acrescentando que ainda teve «algumas ovelhas», mas que a criação de animais «não era propriamente algo que gostasse de fazer». «Acabei, por isso, com essa vertente e passei a comprar o leite, sobretudo a pastores do concelho de Celorico da Beira, mas também de Fornos de Algodres», conta.

Alfredo Saraiva fabrica mais queijo DOP (denominação de origem protegida) do que todos os produtores do concelho vizinho de Celorico da Beira, a autodenominada “capital do queijo Serra da Estrela”, e atualmente vende para a cadeia de supermercados Pingo Doce e para o El Corte Inglês, além de exportar para o Brasil. A oportunidade da exportação surgiu há um ano, quando foi contactado por um brasileiro. «Claro que não estava preparado, pois exportar para o Brasil não é o mesmo que exportar para a Europa e por isso tive de fazer obras e modernizar a produção, mas até agora valeu a pena», garante Alfredo Saraiva, adiantando que todos os meses envia para o mercado brasileiro «à volta de 700 quilos de queijo, o que equivale a cerca de 10 mil euros».

Apesar do sucesso, Alfredo Saraiva diz que não pretende apostar na internacionalização porque «este queijo não se compara a qualquer outro. É limitado, é único, feito com um tipo de leite específico, de ovelhas churras mondegueiras. E têm que ser rebanhos limpos, com contraste leiteiro e apuramento da raça, pelo que não é um produto que dê para produzir em grande escala tendo em vista a exportação para vários mercados», explica. Por outro lado, assume que o marketing não é o seu forte: «Opto mais pela qualidade. Se eu quisesse, em matéria de queijo certificado DOP, vendia o dobro», afirma, mas sublinha que o aumento da quantidade compromete a qualidade, e «em vez de vender queijo, passava a vender quilos». Alfredo Saraiva salienta também que «uma maior quantidade representa uma desvalorização do produto e um preço mais baixo na hora da venda. Um produtor que tenha queijo sem qualidade, ou de qualidade “normal”, vende a todo o preço, enquanto quem tem queijo de qualidade superior pode exigir um preço mais alto. Prefiro ficar cá com ele do que vendê-lo a um preço inferior, que não reflita o seu real valor», enaltece Alfredo Saraiva.

Para este produtor «compensa, por isso, apostar mais na qualidade, pois é a qualidade que vai vencer», conclui. O queijo Serra da Estrela tem, por isso, «muito futuro, essencialmente porque tem qualidade». «No mundo, haverá poucos queijos superiores a este», considera.

Requeijão certificado também faz parte da produção

Para além de Queijo Serra da Estrela, Alfredo Saraiva produz também requeijão certificado. «Tem muita venda, e a procura tem aumentado», refere, adiantando que produz «cerca de mil unidades por mês, mas se produzisse mil por dia, vendia-os». Não o faz porque não pode, uma vez que «este requeijão é feito a partir do soro do leite com que se produz o queijo DOP, e tem portanto as mesmas limitações deste no que toca à produção».

Na opinião de Alfredo Saraiva, «haverá poucos queijos no mundo superiores ao Serra da Estrela»

«No Queijo Serra da Estrela compensa apostar
        na qualidade»

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