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Ninguém pára o Estrela do Zêzere

Equipa de futsal feminino da Boidobra é hexacampeã distrital sem derrotas e está pela quinta vez consecutiva nas meias-finais da Taça Nacional

Garra e determinação foi o que demonstrou a equipa de futsal feminino do Centro Cultural e Desportivo Estrela do Zêzere, da Boidobra, no último domingo no pavilhão do Águias do Dominguiso frente à formação do Mogege (Braga). A turma conduzida por Sofia Mendes chegou mesmo a dar um “festival de golos” ao vencer por 9-2 a primeira-mão da eliminatória das meias-finais da Taça Nacional de Futsal Feminino, provando não ser por acaso que marca presença, pela quinta vez consecutiva, na fase final da prova.

A vantagem foi alcançada na segunda parte, quando a equipa boidobrense goleou as adversárias com sete golos, para alegria dos cerca de 600 espectadores presentes. Até ao intervalo, o resultado esteve bastante equilibrado, com vantagem no marcador para o Estrela do Zêzere por duas bolas a uma. Rute Duarte foi a goleadora de serviço, com quatro golos, seguindo-se Ticha, Marques, Paula, Tânia e Ana Vanessa. Já os dois golos do Mogege foram marcados por Ana. Apesar do resultado «confortável», a equipa boidobrense vai encarar o jogo de sábado, em Braga, «com a mesma atitude», afiança Sofia Mendes, para que possam chegar à final da taça, tal como aconteceu em 2001, quando se sagraram vice-campeãs nacionais. «A vitória é o que mais desejamos para a podermos dedicar a todas as pessoas que nos têm apoiado», salienta a técnica e antiga guarda-redes da “casa”, considerando que estas são «as melhores atletas do mundo». Rute Duarte, capitã da equipa e adjunta da treinadora, também acha que não se pode entrar já em «euforias», apesar de bastar um empate ou não perderem por mais de sete golos. «Temos a noção de que as equipas em competição são fortes e que também ambicionam a taça», aponta a atleta internacional A, a única do distrito de Castelo Branco na modalidade.

Ainda assim não esconde a vontade de trazer a taça para o distrito, pois «quando entramos numa competição, é sempre para ganhar», garante. Com as previsões a apontarem para uma final entre a Estrela do Zêzere e o Benfica, não restam dúvidas de que esta equipa tem mérito. Além de marcar presença nas meias-finais há cinco épocas consecutivas, a formação da Boidobra é ainda hexacampeã distrital «sem derrotas», salienta por sua vez Henrique Gigante, vice-presidente da direcção, que diz mesmo que é a equipa distrital «com maior currículo» no país. «Bastante satisfeito» com a vitória estava António Manuel Pereira, presidente da direcção. «Um mérito que se deve a toda a direcção, equipa técnica e, sobretudo, às atletas, que têm uma entrega fora de série», realça, ao lembrar que nenhuma delas recebe qualquer vencimento. Daí apelar ao público para apoiar a equipa em Braga, tendo já a Câmara da Covilhã disponibilizado um autocarro de 52 lugares para transportar os apoiantes e um outro para a equipa.

Uma equipa vencedora

A equipa de futsal feminino da Estrela do Zêzere da Boidobra nasceu na rua, em 1997, como actividade recreativa para as jovens da vila. Com a extinção do futebol de 11, a direcção de então decidiu apostar no talento das jovens jogadoras para o campeonato distrital da Associação de Futebol de Castelo Branco. Em 1999, surgiu José Luís, técnico que treinou a equipa até à época 2002/2003, encarado por muitos como o «grande motor» do sucesso desta equipa, destaca Henrique Gigante. Foi sob o seu comando que ganharam o primeiro título de campeãs distritais, na época 1999-2000, e a consequente ida à Taça Nacional, em que a Estrela do Zêzere não passou da primeira fase. Na época seguinte, para além de ganharem o campeonato distrital, sagraram-se vice-campeãs nacionais. Até hoje a equipa venceu sempre o distrital (é hexacampeã) e marca presença pela quinta vez consecutiva nas meias-finais da Taça Nacional.

Associação com crise directiva

Apesar do sucesso desportivo, o Centro Cultural e Desportivo Estrela do Zêzere da Boidobra enfrenta uma das maiores crises directivas de sempre com a ausência de listas para os corpos sociais nas últimas três assembleias-gerais. E isto sem dívidas e um encaixe financeiro de cerca de dez mil euros. Além desta, há ainda a reprovação dos sócios para a construção de um pavilhão gimnodesportivo na Boidobra por «entenderem que não era viável. Mas para quem dirige e joga, este era um projecto de futuro para a vila e para o enriquecimento do património do Estrela do Zêzere», lamenta António Manuel Pereira. O projecto, desenvolvido em parceria com a Câmara e a Junta de Freguesia, previa a construção de um pavilhão com um campo de futebol de 11 para o qual a autarquia disponibilizou 13.600 metros quadrados de terreno. «Espero que os sócios compreendam a importância deste investimento», disse por sua vez o vereador Joaquim Matias, relembrando que o equipamento é uma «necessidade» para que as atletas possam jogar com condições.

Liliana Correia

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