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Negócios de luxo em tempo de crise

Dois solares e a maior quinta da Região Demarcada do Vinho do Porto estão à venda por milhões

O que faria se tivesse quatro milhões de euros? Podia comprar, por exemplo, uma quinta no concelho de Vila Nova de Foz Côa. A Quinta das Olgas não é para todas as bolsas, já se vê, especialmente em tempo de crise.

Situa-se na freguesia de Muxagata e anuncia-se como a «maior quinta do Douro totalmente incluída na Região Demarcada do Vinho do Porto». A esta localização privilegiada juntam-se as marcas históricas do lugar, já que por ali se viveram as lutas liberais e miguelistas, tendo sido ainda estalagem da mala-posta de Viseu a Vila Real e Bragança. Uma capela senhorial, uma hospedaria, adega, lagares de vinho, azeite e somagro, cavalariças, estábulos, pombal e uma eira fazem parte desta quinta do século XVII que tem 500 hectares, várias ribeiras e estradas romanas. Tudo isto somado à vocação agrícola da zona em que se enquadra (com particular destaque para a produção do vinho do Porto) fazem a Quinta das Olgas um negócio quase de sonho.

Rui Pereira, comercial da Remax, sublinha que o preço pode parecer, «à primeira vista, um pouco elevado, mas deve reconsiderar-se em função do que a quinta oferece». Mais não seja porque «o investimento em vinho do Porto é, a par do mercado de arte, o produto que melhores condições oferece de aumentar o seu valor ao longo do tempo», acrescenta. E exemplifica: «Numa previsão de 30 anos, a quinta oferecerá um lucro próximo dos 40 por cento, sendo o “break even point” alcançado no décimo ano». No entanto, Rui Pereira não esconde que será «difícil» investidores portugueses concretizarem este projecto dado o investimento necessário. A Quinta das Olgas, a sete quilómetros de Foz Côa, está à venda há, pelo menos, dois anos, estando a sua compra «a ser estudada por diversos fundos de investimento nacionais e uns poucos de investidores privados portugueses». Do estrangeiro têm havido contactos com potenciais interessados «em França, Espanha e África do Sul», refere.

Solares de sonho

Comprar um solar é, assumidamente, um capricho. No distrito há pelo menos dois à venda. Mas daqueles mesmo a sério – que constam em roteiros turísticos e tudo. Em Cedovim, também em Foz Côa, o ex-libris da freguesia – e ponto de referência obrigatória no património do concelho – é a Casa Grande, também chamada de Solar dos Aguilares. Apesar de constar nos roteiros turísticos da região, a enorme quinta, situada entre o Douro e a serra, está à venda por 1,2 milhões de euros. O imóvel data do século XVII, ostenta na fachada o brasão da família Teixeira de Aguiar e está classificado, embora precise de restauro. Ao seu redor desenvolve-se uma quinta com 160 mil metros quadrados, que incluem, entre outras edificações, a nada modesta casa dos caseiros. Porém, e apesar da proposta ter, aparentemente, todas as condições para se assumir como o sonho de muitas vidas, a verdade é que o solar já está à venda «há mais de dois anos», segundo Lourenço e Faro, do Grupo Prime.

«São valores altos para um investimento no interior do país», justifica o responsável pela venda do imóvel. Também à procura de comprador está outro solar – classificado como Património de Interesse Municipal – no concelho de Celorico da Beira. Localizado em Vale de Azares, custa 1,7 milhões de euros. Data do século XVII, tem uma área de 500 mil metros quadrados e, segundo informação disponibilizada na Internet pela empresa Solares Ibéricos, está «completamente restaurado». Além de uma casa principal com «mais de mil metros quadrados e brasão», a quinta proporciona pequenos luxos. Uma fonte em pedra, «campos enormes para passeios a cavalo» e jardins com vista para a serra. Pequenas extravagâncias só para quem pode.

Rosa Ramos

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