Negócios ao pequeno-almoço

Pedro Sousa é gerente da empresa Uniactiva, em Seia, e à quinta-feira faz-se à estrada pouco depois das seis da manhã em direção à Guarda. Já Toni Silva reside e trabalha em Pinhel, onde administra a Granipoly, e faz um percurso similar, ainda que mais curto, até à capital de distrito. Os dois fazem parte de um grupo de empresários que todas as quintas-feiras começam o dia a partilhar o pequeno-almoço e a discutir informação comercial.

Entre as sete e as oito e meia, cerca de 15 empresários da Guarda e distrito partilham notas, despoletam negócios, informam de contactos. É um dos muitos grupos que têm emergido pelo país da rede BNI, uma dinâmica de networking onde a filosofia é dar e receber. «Têm um horário como o dos agricultores», explica Pedro Sousa, coordenador local do grupo da Guarda, acrescentando que «a mentalidade do agricultor é semear para colher; aqui é igual: lançamos as sementes para angariar novos negócios». As reuniões semanais acontecem ao longo do ano, tomando a primeira refeição do dia, «entre as 6h45 e as 7h10, e depois até às 8h30 negociamos», cada elemento apresenta-se partilha informação e «enunciamos os produtos que vendemos ou os clientes a que queremos chegar» sempre na expetativa de que outro elemento possa ajudar num negócio ou abrir uma porta, «sempre com o objetivo de alargar o negócio».

Os sectores são muito variados, das obras às viagens, passando pela imobiliária, as pedras ornamentais, a limpeza, etc. Mas cada um tem o exclusivo sectorial no seio do grupo. Segundo Pedro Sousa, ser membro de um grupo BNI é ter uma equipa de trabalho, todos têm de contribuir e todos têm a ganhar». Para fazer negócios entre os elementos do próprio grupo ou para fora é necessário haver informação e «a confiança adquire-se com o tempo», como refere Vanda Brás, da Auto Electro Brás, o que «permitirá novos negócios com rapidez». E «vale a pena», garante Toni Silva, assumindo que já arranjou novos clientes e «o negócio cresceu com os contactos da rede». A partilha de informação, de contactos e a colaboração como alavanca de negócios BNI conta também com a colaboração de outros grupos, de outras cidades ou mesmo de outros países, pois o BNI nasceu nos Estados Unidos e está implantado já em quase todo o mundo.

É uma rede de negócios, mas também de amigos que todas as semanas tomam o café da manhã juntos e procuram promover novas vendas. Em Viseu, por exemplo, já há dois grupos, o Viriato e o Visa, que na última quinta-feira também se deslocou à reunião da Guarda e discutiu interesses e negócios com os colegas da cidade mais alta. De resto, como referiu Rafael Carneiro, um dos empresários de Viseu presente, «tenho clientes em Guimarães ou no Porto que nunca esperava ter», exemplificando assim o quanto o BNI tem contribuído para abrir portas. Já Ivone Ferraz, da Siga Centro, acentua o sucesso do modelo de networking nas boas «relações de trabalho, mas que é também uma cadeia de solidariedade e amizade». Para entrar para este grupo de «parcerias reais e funcionais» que «ajuda empresas sérias a aumentar o volume de negócios», os novos elementos têm de pagar uma joia de 100 euros e uma quota anual de 500 euros, recebendo em troca formação BNI e o direito a fazer parte da dinâmica. Mas o mais importante é ter «vontade de começar o dia às sete da manhã, trazer contactos e informações e ter assiduidade», pois, como disse Pedro Sousa, «cadeiras vazias não fazem negócios».