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«Não somos carneiros»

Cerca de 200 pessoas cantaram “Grândola” e “Os Vampiros” na Praça Velha no último sábado e fizeram manguitos ao Governo

O protesto começou tímido, silencioso, mas logo se fez ruidoso assim que Jorge Teixeira Ribeiro subiu a um palanque improvisado e chamou a atenção das cerca de 200 pessoas presentes na Praça Velha para dizer não à austeridade e ao Governo no âmbito do movimento “Que se lixe a ‘troika’”.

No último sábado, o mote era “o povo é quem mais ordena” e, após alguma indefinição, os manifestantes gritaram bem alto a sua revolta pelo que está a acontecer no país. No palanque, Eduardo Espírito Santo, dirigente do MRPP, quebrou a espontaneidade dos populares ao ler um longo discurso, que terminou com «um manguito para o Governo», no que foi secundado por muitos dos presentes. Seguiu-se Jorge Teixeira Ribeiro: «Temos que acusar esta gente na justiça [Cavaco, Sócrates, Miguel Relvas, Duarte Lima, entre outros] porque não fomos nós que gastámos o dinheiro», declarou, avisando que «não somos violentos, mas não somos carneiros». O orador pediu ainda um novo sistema eleitoral, em que «os eleitos são elegidos pelos eleitores», porque a política atual está «reduzida a uma elite». A concentração, que decorreu sem incidentes, ficou ainda marcada por canções como a “Grândola, Vila Morena” e “Os Vampiros”, ambas de Zeca Afonso, sem esquecer o hino nacional, entoadas a plenos pulmões pelos populares.

O descontentamento também esteve patente numa dezena de cartazes, um dos quais dizia, em jeito provocador, “O povo vencido jamais será unido”. Quem o exibe é Pedro Sousa, de 26 anos: «É preciso abanar as pessoas para ver, se todos juntos, conseguimos fazer o país andar para frente», explica este desempregado e ator do grupo Gambozinos e Peobardos, da Vela. Ao seu lado, três amigos erguem cartazes com as mensagens “Vende-se Constituição” ou “Adeus, Pátria Família”. O protesto continuou pelas ruas do centro da cidade, num cortejo novamente marcado por palavras de ordem como “FMI fora daqui”, “Governo ladrão, o povo não tem pão”, “Gaspar, ladrão, o teu lugar é na prisão” e novamente a canção “Grândola, Vila Morena”. Os manifestantes desmobilizaram na Praça Velha pelas 17h15.

Luis Martins A manifestação decorreu sem incidentes entre a praça e o Jardim José de Lemos

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