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«Não se justifica que abram uma rua que nunca teve problemas»

Moradores e trabalhadores no Bairro Nª Sra. dos Remédios criticam morosidade das obras que lhes perturbam o quotidiano

Carlos Almeida será um dos moradores do Bairro Nossa Senhora dos Remédios, na Guarda, que mais sentiu na pele o impacto das obras que ali decorrem há vários meses. É que, por causa dos trabalhos, não pôde estacionar o seu carro na garagem e o veículo acabou por ser roubado e vandalizado. Mas não são só os residentes que têm sido afetados pela empreitada, também quem ali trabalha vive diariamente as vicissitudes da obra.

Carlos Almeida garante que esta intervenção «afeta exageradamente o dia-a-dia das pessoas» e não compreende «como é que, estando uma Câmara tão endividada e um país tão na miséria, se justifica que abram uma rua que nunca teve problemas nenhuns?», questiona. Este morador na Rua Cidade de Pinhel queixa-se que as obras já estão a decorrer «mais violentamente há mais de um mês», tempo que considera «demasiado» porque «não temos acesso por outros locais e muitas vezes queremos aceder às nossas casas e não conseguimos». O residente reclama inclusivamente que o cenário à porta de sua casa chegou a ser «perigoso», principalmente em maio passado, quando «a chuva fez com que estivéssemos quase impossibilitados de chegar a casa até a pé. Foi mais complicado para as crianças», garante. Contudo, o «maior problema» que Carlos Almeida já teve com estas obras foi o roubo do seu automóvel, que metia todos os dias na garagem.

«Num domingo à noite não o pude fazer precisamente por as obras arrancarem no dia seguinte, estacionei-o à minha porta e agora tenho-o destruído e seguramente foi por causa das obras. Caso contrário, teria carro neste momento», considera este morador descontente. Residente na mesma rua, Manuel Tomé não tem tantas razões de queixa como o vizinho, mas também admite que as obras estão «a condicionar bastante» o dia-a-dia de quem ali vive e trabalha. Atualmente, a rua «já levou a primeira camada de alcatrão e já se está a circular», mas adianta que houve «aqui um grande problema com as águas e as lamas que complicaram um bocado a entrada para as habitações e garagens. Os carros tiveram que estar cerca de mês e meio fora das garagens». O morador refere que «as obras foram sempre andando, por vezes lentamente, mas nunca pararam», confessando não saber «como as pessoas aguentaram tanto noutras áreas do bairro porque há zonas em que estão paradas há meio ano».

Também quem ali trabalha não se sente cómodo com a empreitada. É o caso de Paulo Abrantes: «É complicado conseguir chegar cá com os veículos da empresa e isso condiciona-nos bastante, especialmente pelo facto de me alterar o horário de trabalho», lamenta. Este funcionário afirma que a intervenção já dura há sete meses e que para chegar ou sair do local de trabalho demora sempre mais tempo. De igual modo, Leonel Cipriano, que trabalha na mesma empresa, encara as obras como uma «chatice», já que «temos de deixar os carros longe daqui, temos que andar a pé, é só buracos e a obra não está bem organizada».

Ricardo Cordeiro Moradores queixam-se que os cenários às portas das suas casas chega a ser «perigoso»

«Não se justifica que abram uma rua que
        nunca teve problemas»

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