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«Não queremos que o andebol acabe na Covilhã»

Cara a Cara – Entrevista: José Manuel Patarata

P – Como surgiu a possibilidade do Grupo de Dadores de Sangue ter um núcleo de andebol?

R – Começou tudo com um grupo de jovens que nos veio perguntar se estávamos interessados em apoiá-los a praticar desporto. A maior parte deles foram atletas da Associação Desportiva da Estação, que acabou com o andebol há duas épocas, e os jovens queriam continuar a praticar essa modalidade. Como é formação, nada de profissionalismo, concordámos em dar-lhes o apoio. De salientar que são os próprios atletas que estão a comprar os equipamentos e a pagar uma quota mensal para cobrir despesas e inscrições. No entanto, como não tinham dinheiro inicialmente, pediram-nos para adiantarmos a verba para as inscrições. Aceitámos e vamos levar isto para a frente, porque não queremos que o andebol acabe na cidade. Como não há mais nenhuma equipa na Covilhã, o grupo de dadores, sempre fiel ao seu objectivo principal da dádiva de sangue, apostou também no desporto.

P – Mas não é muito normal uma associação deste tipo apostar na prática de uma modalidade a nível competitivo?

R – É verdade. Ainda há 15 dias estivemos em Évora e ficaram todos admirados por um grupo de dadores de sangue se meter no desporto. É uma iniciativa louvável. Já ando no associativismo há 39 anos, as colectividades por onde passei sempre tiveram a prática do desporto, e também estou a gostar de ter o andebol nos Dadores de Sangue.

P – Que contrapartidas é que uma equipa de andebol traz para o grupo?

R – À primeira vista, o desporto não tem nada a ver com a dádiva de sangue, mas até pode ser que nos cheguem mais dadores através do andebol. Mesmo nos próprios jogos, quando jogarmos na Covilhã, esperamos que se consigam arranjar mais dadores, até através dos próprios atletas e dos seus familiares, por exemplo.

P – É uma maneira da modalidade continuar a ser praticada na cidade?

R – Exacto, e só no amadorismo e em atletas de formação. Não vamos entrar em loucuras. Estávamos inscritos em juvenis e juniores, mas à última da hora tivemos de desistir de uma equipa porque eram precisos treinadores de 3º grau e só tínhamos um com essa qualificação. Decidimos então ficar só com os juniores, porque os juvenis também podem jogar nesse escalão. Para o ano, se tudo correr bem, já vamos ter a inscrição de juvenis. A entrada nos seniores é que está fora de questão.

P – Qual é o objectivo para esta estreia na IIª Divisão no Campeonato de Juniores Masculinos da Federação de Andebol de Portugal?

R – Acima de tudo, praticar desporto, que é o que estes rapazes querem. Não há cá loucuras de vitórias ou de sermos campeões. Queremos praticar, estar presente, haver a maior disciplina possível nos recintos de jogo e não acabar o andebol na cidade.

P – Foi fácil arranjar atletas e apoios para a inscrição da equipa?

R – Foi, porque eles já jogavam juntos há algumas épocas. Começaram a jogar pela Escola Quinta das Palmeiras, depois passaram para a ADE, pelo que não foi difícil reunirem-se para continuar a jogar.

José Manuel Patarata

«Não queremos que o andebol acabe na
        Covilhã»

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