P – Foi nomeada uma comissão de gestão para assegurar a existência do Sporting Clube da Covilhã. Na sua opinião, porque é que os sócios não estão interessados nos órgãos sociais?
R- O desinteresse não terá uma causa única, mas muitos problemas. Evidentemente que o facto de ter descido de divisão é um catalizador desta situação, mas, por outro lado, a cidade não corresponde àquilo que seriam as exigências do clube. A cidade não apoia suficientemente o clube, que tem carências económicas de toda a ordem. Manter um plantel com 20 ou 24 atletas custa muito dinheiro, sem falar nos funcionários, na água, electricidade e numa série de despesas que é preciso pagar e que são avultadas. A cidade não corresponde como deveria corresponder a um clube que tem 81 anos, um historial estupendo e inigualável na região e no resto do país. Creio que haverá poucos clubes no país com o historial do SCC. Lamentavelmente, não costuma haver jovens na Assembleia Geral e uma colectividade que não tem sangue novo, que não se renova e vai-se estiolando diariamente. A falta de recursos financeiros para contratar os jogadores necessários para o plantel e para segurar aqueles que eram bons complicou ainda mais a situação.
P-Qual será a missão da comissão de gestão?
R-A comissão de gestão vai desempenhar as mesmas funções que a direcção, só que sem a legitimidade de ter sido eleita. A função desta comissão é manter o clube a funcionar e substituir tão rapidamente quanto possível esta situação precária por um elenco votado em Assembleia-geral.
P-Até quando é que se vai manter em funções?
R-A comissão não tem um limite temporal, mas deve estar em funções o mínimo de tempo possível porque é uma solução precária. O presidente cessante da direcção disse que quer ter a situação do clube normalizada assim que começar o campeonato em finais de Agosto. Portanto, é porque tem ideias para resolver o problema e, sendo assim, esta comissão de gestão vai demorar no máximo dois meses.
P-Mas não deveria haver uma direcção antes de contratar novos jogadores?
R-A comissão de gestão pode contratar jogadores, dispensá-los, etc. Para todos os efeitos, tem as mesmas tarefas que a direcção. A única diferença é que não é eleita pela Assembleia Geral e, portanto, também não é responsável perante essa assembleia. É uma situação precária que deve existir no mínimo tempo possível, pois é uma situação de recurso para o clube não cair no vazio absoluto.
P-Acha que a sobrevivência do SCC está em risco?
R-Não digo que esteja à beira de se extinguir, mas não é uma coisa impossível. Esta situação mais ou menos agónica pode viver-se durante alguns meses ou um ano, mas não se pode viver durante dez ou 20 anos. Ou isto tem algum processo de estabilização para viver uma vida normal ou pode, de facto, correr esse risco. E não seria caso único. Recordo-me que a Desportiva da Guarda fechou há dois ou três anos e, no entanto, era um clube já com alguma tradição.
P-Depois da saída do técnico João Cavaleiro, já têm algum treinador em vista para comandar o plantel na próxima época?
R-Pelo que eu li, o treinador seria o Joanito, um antigo atleta do SCC. Mas não tenho qualquer informação sobre esse assunto da parte do clube.