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Nada de novo

Pois, Pois

O lado sombrio do PSD-Guarda. Numa fotografia publicada na edição de 17 de Fevereiro d’ O Interior, Ana Manso surge em primeiro plano toda sorridente. O motivo do regozijo foi a recente conquista da Concelhia da Guarda por Couto Paula, após um “processo lamacento”, isto segundo declarações do presidente deposto, Rui Quinaz. Entretanto, as fechaduras da sede foram trocadas para impedir a entrada aos anteriores inquilinos.

Após ter corrido com Rui Quinaz e Pedro Nobre, Ana Manso fica agora rodeada só de boys . Não que possa acusar os preteridos de falta de lealdade. Pelo contrário. Várias vezes o senhor Rui Quinaz manifestou o seu apoio entusiástico a uma eventual candidatura de Ana Manso à presidência do município. Só que esta não se contenta com militantes leais, quer militantes devotos. Que lhe façam genuflexões e que não questionem o que quer que seja. Não há espaço para o mínimo desvio. Pelos vistos, o senhor Couto Paula tem estômago para se prestar a este tipo de papel. E já avisou que “o partido tem espaços próprios para as pessoas poderem expressar os seus pontos de vista”, não vá alguém cometer a heresia de discordar publicamente das directrizes do “Comité Central”. É o que os comunistas designam de “centralismo democrático”.

Isto é o PSD no seu pior. Um partido de funcionários públicos e contabilistas disfarçados de políticos e, pior ainda, de líderes políticos (obviamente, sem desprimor para aquelas duas respeitáveis classes). Um partido onde não há ideias nem projectos, apenas mesquinhas ambições pessoais.

O cidadão comum olha para estas questiúnculas partidárias com indiferença e desprezo. Mas, paulatinamente, estes pequenos episódios vão-lhe permitindo vislumbrar os verdadeiros contornos da senhora Ana Manso. E o que se vê inspira medo ou, pelo menos, desconfiança. Se ela trata os seus colegas de partido desta maneira, imagine-se o que seria se algum dia conseguisse alçar-se à presidência do município. Teríamos provavelmente uma cidade ainda mais asfixiada e adormecida.

Uma das grandes vantagens da senhora Ana Manso nas últimas eleições autárquicas esfumou-se: as pessoas agora conhecem-na melhor. Azar!

A “renascida” Associação Comercial da Guarda (ACG) em acção. Andaram espalhados pela cidade uns cartazes onde se podia ler qualquer coisa do género: “Por esta criança, faça as suas compras na Guarda”. Supostamente, isto traduz o novo espírito da ACG, anunciado há algumas semanas por Jorge Godinho. Reparem na subtileza. Não nos pedem para comprar na Guarda devido a melhorias do comércio local ou por este se ter modernizado. Não. Nada disso. Implicitamente esta frase revela-nos que por esses motivos dificilmente faríamos tal coisa, o que, em bom rigor, acaba por penalizar injustamente os bons exemplos, que, felizmente, também os há. Em vez disso, apelam-nos ao sentimento. E, portanto, é com apertos de alma e tumultos no coração que deveremos despender o nosso dinheiro nas lojas da Guarda. Desta forma, estaremos a proteger as criancinhas e a salvaguardar o futuro da cidade.

É sempre assim: quando não há ideias e imaginação, recorre-se ao velho expediente da demagogia. Se seguíssemos à risca este pedido dramático, a maioria do comércio da Guarda nunca se renovaria e os futuros adultos seriam os primeiros a pirar-se daqui para fora.

Por: José Carlos Alexandre

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