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Na coerência política se vê a diferença

Crónica Política

Tive o prazer de participar em mais uma iniciativa do meu Partido, concretamente no desfile na Guarda “Não ao PEC – Emprego, Produção e Justiça Social”, com a presença do meu camarada Jerónimo de Sousa. Quem pretender ouvir, ver e sobretudo reflectir sobre a nossa intervenção, aqui fica:http://www.pcp.pt/desfile-na-guarda-n%C3%A3o-ao-pec-emprego-produ%C3%A7%C3%A3o-e-justi%C3%A7-social-jer%C3%B3nimo-de-sousa.

Mas a nossa intervenção não se circunscreve apenas e somente a este tipo de acções, pois andamos na rua a contactar com as populações, defendemos a democracia participativa fora dos períodos eleitorais, auscultando as populações, apresentamos soluções, elas são acessíveis, na página do PCP- www.pcp.pt, mas também nas posições políticas que tomamos no dia a dia e que poucas vezes são difundidas através da comunicação social: o último exemplo é a nossa posição sobre o encerramento da Delphi.

Há algo que me produz um efeito menos positivo quando oiço algumas vezes a frase: são todos iguais. Mas perante a militância de passar a mensagem e quando do outro lado se apraz estabelecer conversa, a opinião muda.

Se somos todos iguais, onde andam os outros? Já aqui estiveram? Vêm cá fora dos períodos de campanha eleitoral? Na Delphi foram à porta dar a cara pelas medidas que adoptam? Quem mobiliza, quem esclarece, quem é que está sempre do mesmo lado nesta luta que, por ser desigual, não significa que não tenha que ser travada?

Alguém viu algum militante do PS ou do PSD na rua a distribuir documentos a justificar as opções que tomaram no âmbito do PEC nas suas diversas versões?

Pois é. A frase “são todos iguais” não resiste à comparação, pela forma e pelo conteúdo. Há os que privilegiam o contacto olhos nos olhos com os trabalhadores, com a população, e os que privilegiam o atirar das justificações das suas políticas no conforto dos estúdios de televisão ou da rádio.

Há os que estão do lado dos trabalhadores, sejam do sector público ou privado, dos reformados com pensões de miséria, dos desempregados, e os que manifestam particular compreensão pelas exigências das confederações patronais quando pedem reduções de salários e exigem o regresso ao século XIX para poderem despedir com toda a flexibilidade do mundo. As propostas do PSD de revisão da Constituição da República Portuguesa são claras nesse sentido, pois querem efectivamente um “tsunami laboral e social”.

Na Assembleia da República, há os que convergem nas propostas de aumento de impostos sobre o trabalho, na redução da protecção na situação de desemprego, na imposição de sacrifícios aos que menos têm e menos podem. E há aqueles que se opõem aos cortes nos apoios sociais, aos cortes na área da saúde e propõem medidas que obrigam os que mais têm a pagarem a crise que provocaram.

Vamos aqui mesmo, no plano distrital e local, quando foi conhecida a decisão de encerrar serviços públicos, desde escolas, extensões de saúde, postos dos correios, defesa da água pública, encerramento de empresas. Uns promovem reuniões, mobilizam para a luta contra o conjunto das medidas contidas nos PEC’s e no pacto da austeridade PS/PSD.

Novamente a diferença. Novamente a determinação de dar a cara pelo que se defende, de esclarecer e mobilizar contra as injustiças sociais, de lutar contra o desastre económico e social que se aprofunda.

Uns arregaçam as mangas e vão à luta, outros resignam-se e seguem que nem cordeirinhos os interesses do capital, como se o aumento da exploração fosse uma inevitabilidade.

Caros leitores, os partidos não são todos iguais. E é por não serem todos iguais que tomamos posições políticas sem tibiezas. O PCP está a tomar partido contra as injustiças sociais e por uma outra política que não sacrifique os mesmo de sempre em benefício de uns poucos. Todos iguais… acha?

Por: Honorato Robalo *

* Dirigente da Direcção da Organização Regional da Guarda do PCP

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