«Conhecer a história e a forma de vida dos nossos antepassados», é o que proporciona o Museu do Agricultor e do Queijo da Serra a quem o visita em Celorico da Beira, para além de revelar o modo como se confecciona o Queijo da Serra, produto tradicional da região. A passagem por este espaço constitui uma oportunidade para ver uma obra moderna e recente, mas sobretudo para descobrir o modo de vida difícil, mas saudável, que os habitantes da região levavam há décadas atrás e que ainda hoje se pratica em algumas aldeias da corda da Serra.
Instalado numa antiga quinta agrícola, o museu é constituído por três edifícios, um dos quais era a antiga casa de habitação que foi restaurada preservando apenas o seu aspecto exterior, todo em pedra. Esta unidade constitui o edifício principal e acolhe as peças que fazem parte de uma cozinha típica, dos armários, às peças de louça e talheres de ferro, passando pelos trajes típicos do pastor e da mulher e ainda um ferro de engomar a brasas. No andar inferior pode ver-se uma adega tradicional, com as pipas de madeira, o lagar e ainda alguns objectos para o trabalho no campo. Dos outros dois edifícios, o mais pequeno vai albergar um pequeno café/sala de convívio e será o futuro posto de vendas, enquanto o maior é constituído por um auditório ao lado do qual, no exterior, está patente uma exposição de alfaias agrícolas e máquinas que ainda hoje são utilizadas em algumas freguesias do concelho. Os três edifícios estão rodeados de um amplo espaço verde, com algumas árvores já em crescimento.
A autarquia decidiu criar este espaço com o objectivo de «transmitir aos mais novos a diversidade, riqueza e carácter multifacetado da cultura da região», explica Maria de Jesus Granjal, responsável pelo museu. A técnica salienta ainda que a intenção é manter vivas as tradições do concelho através de um espaço «vivo, que mostra como as pessoas viviam e produziam alguns dos produtos agrícolas, entre os quais o famoso Queijo da Serra». Apesar de ser uma pequena unidade, o museu possui um vasto espólio de «grande valor» em termos patrimoniais e históricos, proporcionando aos visitantes um contacto com as mais diversas peças, muitas delas de fabrico artesanal, como os talheres de ferro, candeeiros a petróleo e azeite, almofarizes, salgadeiras, peneiras e arcas de madeira, por exemplo. Para a responsável do museu, todas as peças têm a sua importância, «principalmente para quem as utilizou», refere, salientando, no entanto, duas que considera mais exemplificativas da tradição do concelho: «A francela, com cerca de 100 anos, é um artefacto artesanal que identifica Celorico e o queijo da Serra, mas também uma colcha de retalhos manual com cerca de 120 anos». Pode ainda admirar-se um conjunto de fotografias em que é recriado todo o processo de fabrico tradicional do queijo da Serra, bem como ficar a par do processo de sementeiras do centeio.
A visita ao museu constitui, como explica Maria de Jesus Granjal, uma oportunidade para as pessoas do concelho recordarem um passado recente e a geração actual ficar a saber como os agricultores, «seus pais e avós trabalharam e o esforço que despendiam para conseguir sobreviver». No horizonte a médio prazo, o museu tem já prevista a criação de um quiosque multimédia, para que os visitantes possam ver a «história e a importância de cada peça», adianta a responsável, salientando ainda a criação de um «cantinho de culturas». Trata-se de um espaço ao ar livre que vai divulgar «alguns dos bens de consumo mais produzidos no concelho». Maria de Jesus Granjal espera ainda o equipamento final do auditório, espaço que vai acolher no próximo dia 16 as primeiras Jornadas Cinegéticas da Serra da Estrela, iniciativa organizada pelo Parque Natural da Serra da Estrela, em conjunto com a autarquia de Celorico da Beira e o museu.