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Mudam-se os tempos… mudam-se as centralidades!

A Covilhã reivindica uma escola de ensino técnico e, segundo alguma comunicação social, já com a promessa ministerial que torna perfeitamente plausível a sua criação. Este ministro, por coincidência, é o mesmo que negou financiamento à Escola Profissional da Guarda, inviabilizando a sua abertura e impedindo o acesso à formação de muitos dos nossos jovens.

Em pouco mais de duas décadas, este concelho da Cova da Beira, deu um enorme salto qualitativo, do qual o sector do ensino é um dos expoentes máximos. Lembremos que ainda há alguns anos atrás, muitos dos jovens deste e doutros concelhos limítrofes dele se deslocavam para a Guarda para prosseguirem os seus estudos liceais. Hoje, a Covilhã assume-se já como um importante e prestigiado centro académico do País.

(…)Um pouco mais a Oeste temos a cidade de Viriato, uma verdadeira referência em termos da própria Região Centro, mercê da sua vitalidade política e económica. Para além disso, consegue, em parceria com a Covilhã, promover o desmembramento do distrito da Guarda com a consequente diluição da sua importância em termos administrativos. Além de já dispor de várias unidades de ensino superior, público e privado, Viseu continua a exigir uma Universidade, quando é praticamente certo que, esta cidade, será uma séria candidata a receber uma das duas novas faculdades privadas de medicina, caso elas sejam atribuídas à Universidade Católica.

A Covilhã e Viseu transformaram-se, autenticamente, em dois enormes eucaliptos para a nossa cidade. Pura e simplesmente têm vindo a “secar” a Guarda. Podem nisso ter muito mérito, mas temos igualmente que reconhecer também, da nossa parte, muito demérito.

E a Guarda?

A Guarda está “apática”, ” de braços caídos”, completamente derrotada e já nem reclama. Desistiu de lutar. (…) A Guarda ficou aprisionada na sua localização, entalada na bifurcação de duas das principais vias estruturantes do país que, em termos rodoviários, A25 e A23, nos ligam à principal fronteira terrestre de Portugal e ao País. Pelos vistos estas duas importantes rodovias apenas serviram para aproximar Viseu, Covilhã e Castelo Branco da Europa (…).

Neste momento, na Guarda, as pessoas têm aquela sensação que se sente, nos dias de hoje, quando uma falha eléctrica nos priva de luz e nos deixa no escuro – sensação de desorientação.

No que às comunidades urbanas diz respeito, não conseguiu a cidade dos “F’s” aglutinar vontades e interesses dos municípios que lhe são mais próximos (…). Perdeu-se a possibilidade de liderança e, simultaneamente, perdeu-se também um dos “F’s” – o de Forte. Ou melhor, mudou apenas a sua conotação – de “Forte” passou a “fraca”. Neste processo, vai ter que capitular perante a Covilhã, entregando “alma” e algo mais. Estou a referir-me a projectos que, pela sua natureza, são antagónicos aos interesses destas duas cidades e a maior vitalidade dos nossos vizinhos não deixará, por certo, de nos ofuscar ainda mais.

Exemplo disso é o acesso directo da cidade mais alta ao maciço central da Serra da Estrela tão ansiado e não implementado e que dificilmente será uma realidade depois de inseridos numa Comunidade Urbana liderada pela Covilhã. Não é credível que a cidade da Cova da Beira esteja disponível a partilhar “os ovos de ouro da galinha Serra da Estrela”.

(…) O Centro de Estágio de Alta Competição, pelos vistos, também não vai passar de uma mera declaração de boas intenções. Mais uma vez, um dos predicados de que a nossa cidade entende ser possuidora – a altitude – não serviu de argumento para validar esta obra.

O projecto de ligação da Catraia da Alegria ao alto do Alvendre (IP5) continua, ou esquecido ou, provavelmente, abandonado. Este vital acesso (chegou a estar contemplado em PIDDAC) é mais um exemplo da falta de influência do nosso burgo. Esta via, ao ser executada, além de possibilitar um digno e há muito tempo devido acesso à cidade mais alta, significaria ainda uma revolução em termos de ordenamento e fluidez de tráfego automóvel, libertando vias e aproximando pessoas. Significaria também a viragem e abertura da Guarda aos concelhos localizados a Poente e Norte da capital do distrito, para onde se tem mantido de costas voltadas.

Também a ligação da VICEG à Rua Cidade de Saffed continua sem data marcada, desclassificando a Via de Cintura Externa para um simples VI (Via Inútil), do ponto de vista dos objectivos que pretendia servir.

Da saga do Hospital Novo ou Novo Hospital, do “Hospital Sim” ou do ” Hospital Não” nem vale a pena falar, pois o tema apenas tem servido para desperdício de energias, sendo que a própria unidade de saúde se vem transformando numa imagem cada vez mais difusa.

Os quartéis da GNR e PSP continuam cada vez mais a corresponder cada vez menos às necessidades destas duas forças de segurança, em nada dignificando a cidade que as acolhe. (…).

Bom, resta-nos esperar que o êxodo de recursos humanos da Guarda para outros centros urbanos continue e até se acentue. Talvez que a pacatez da nossa terra, com alguma “pequenez” à mistura, associada às facilidades de comunicação, nos permitam ainda vir a ser um importante e “privilegiado” “dormitório” de Viseu e Covilhã.

Valha-nos ao menos isso!

Mau agoiro? Falta de amor-próprio? Não, apenas alguma dor!

Henrique Monteiro,

CDS-PP Guarda

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