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MP culpa Proteção Civil pelas 66 mortes em Pedrógão Grande

O Ministério Público (MP) culpa a Proteção Civil pelas 66 mortes ocorridas no incêndio de Pedrógão Grande, cujo «combate ao fogo falhou e foi responsável pelo desfecho trágico», revela hoje o semanário “Expresso”, avançando que a «acusação está por dias».

Segundo a notícia, só não se sabe se vão ser imputados aos 18 arguidos do processo 64, 65 ou 66 homicídios por negligência. As acusações mais graves, de acordo com o “Expresso”, são dirigidas aos comandantes operacionais do combate ao incêndio de 17 de junho de 2017: Mário Cerol, António Arnaut e Sérgio Gomes.

De acordo com a fonte judicial contactada pelo semanário, a procuradora Ana Simões, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Leiria, sustenta que o fogo «podia ter sido extinto ainda no ponto de ignição», em Escalos Fundeiros – um raio, de acordo com a investigação da Polícia Judiciária (PJ), terá provocado o fogo, mas a acusação vai dizer que as causas são indeterminadas –, «se a EDP tivesse cumprido a lei e limpado a ‘cobertura vegetal’ que está debaixo dos cabos elétricos».

«Por causa disso, um borralho transformou-se num incêndio», revela a mesma fonte. Segundo o jornal, a EDP não vai ser acusada porque a lei não o permite. Será o funcionário responsável por essa missão especifica a ser responsabilizado criminalmente.

O Ministério Público aponta para falhas logo no início do combate ao incêndio, considerando que o primeiro erro cometido foi o facto de não terem sido acionados meios aéreos dada a dimensão do fogo, e o mesmo só acontecer duas horas depois, quando o fogo «já se tinha tornado incontrolável».

A investigação acusa ainda os responsáveis de não terem pedido uma atualização da previsão meteorológica, o que fez com que fossem apanhados de surpresa pela mudança na direção do vento ocorrida por volta das cinco horas da tarde e que por na linha de fogo várias povoações e a N 236-1.

No entender do MP, se a previsão meteorológica tivesse sido pedida, a EN236-1 e outras estradas teriam sido cortadas e tinha sido evitada a morte de tanta gente. A responsabilidade pelo corte das estradas é do comandante operacional. A GNR não é acusada porque estava sob as ordens da proteção civil.

O “Expresso” revela ainda que a investigação foi «mais longe» e diz mesmo que a «proteção das populações foi descurada». O incêndio que deflagrou em junho de 2017 em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e alastrou a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e mais de 250 feridos, sete dos quais graves, e destruiu meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

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