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Motards voltaram a animar Freixinho

Aldeia do concelho de Pinhel encheu-se de gente, cor e movimento para a décima edição do encontro motard

A aldeia do Freixinho, na freguesia de Lamegal (Pinhel), voltou a ser, durante dois dias, a capital regional dos motociclistas. A pequena povoação, de cerca de 30 habitantes, habitualmente um lugar calmo e bucólico, adotou durante o último fim-de-semana um estilo mais hard, para acolher um Encontro Motard que já vai na décima edição.

Muita animação, um movimento fora do normal, e o inevitável barulho das motas substituíram a pacatez rural que aqui marca o correr dos dias, trazendo até às ruas da aldeia várias centenas de “máquinas”, desde as mais modernas Honda, Yamaha ou Kawasaki, até à mais tradicional Famel Zundapp, passando por Vespas, motas de cross e moto quatro, conduzidas por motards de todo o distrito, mas também de outros pontos do país e até de Espanha. A iniciativa é organizada pelo Centro Social Cultural e Recreativo local, e as verbas obtidas destinam-se à melhoria da associação e da própria aldeia. Vítor Amaro, dirigente do CSCR, revela que organizar este evento «não é fácil, pois estamos a falar de um meio rural e sem logística», mas contrapõe que «a adesão que regista e a animação que traz à aldeia são, sem dúvida, uma recompensa gratificante». E mesmo os problemas de logística «acabam por ser ultrapassados, porque os habitantes do Freixinho são hospitaleiros, e não hesitam em abrir a porta de casa para receber e instalar da melhor forma possível todos os que nos visitam», refere. O responsável sublinha que «o convívio é pacífico, porque toda a gente na aldeia colabora», e diz que «no dia em que o povo decidir que não quer voltar a receber os motards, o encontro acaba, porque a sua realização é votada todos os anos em assembleia geral da Associação». Um cenário que não está nos planos do organizador, até porque «nestes dez anos, foi sempre decidida a sua continuação, e tem corrido tudo muito bem», revela. «Aliás, este encontro já adquiriu uma grande importância para a povoação, pois a única festa religiosa acontece de quatro em quatro anos, e com isso a aldeia morre um pouco. Com o Encontro Motard, há a garantia de um momento de grande animação uma vez por ano, e portanto acaba por ser quase como uma festa religiosa», acrescenta.

Esta décima edição é «um marco importante» no entender de Vítor Amaro, pois «mostra que esta concentração já se consolidou». Nem mesmo a chuva, que a espaços caiu com intensidade, foi capaz de fazer desmobilizar o público. Segundo o organizador, na noite de sexta-feira estiveram no Freixinho «cerca de 700 pessoas», acrescentando que «o número costuma passar do milhar na noite de sábado».

Neste Encontro destinado a todas as idades, Francisco Nunes, de 8 anos, talvez tenha sido o motard mais jovem a participar, com a sua pequena moto quatro. Mas, apesar da tenra idade, o petiz afirma que já participa neste encontro «desde os quatro anos». Já Armando Dias, com os seus 85 anos, foi provavelmente o motard mais velho a estar presente no Freixinho. «Já estou habituado», refere este guardense. «Nos encontros e concentrações em que participo, tanto em Portugal como em Espanha, sou sempre o mais velho», revela. «Aqui ao Freixinho, venho desde o início porque gosto do ambiente», diz, destacando com boa disposição que «até já tenho um lugar cativo para a minha mota». Na parte de trás da sua Ural de 2004, que exibe com orgulho, podem ver-se dois chifres, que Armando Dias diz serem «para a paródia, além de constituírem um elemento decorativo vistoso», ri-se.

António Cabral veio de Seia com o Grupo Motard Amigos Serranos, ao qual preside. Diz vir a este encontro «desde que começou», atraído pelo «ambiente e calor humano», realçando também «os laços de amizade que entretanto se foram criando com as pessoas da aldeia e com os outros participantes». Acaba por ser uma reunião de amigos, aliada ao prazer das motas», conclui.

Manuel Gonzalez Lorenzo participa pela segunda vez, e veio de um pouco mais longe. Aquele que é apelidado pelos outros motards como “o espanhol mais aportuguesado da Europa” deslocou-se de Salamanca na sua Harley Davidson para «visitar os colegas portugueses e passar um fim-de-semana animado com eles». «É um pouquito longe», admite, «mas vale a pena, pois venho comer, beber e conviver com os meus amigos deste lado da fronteira».

Fábio Gomes A Rua da Fonte voltou a reunir várias centenas de motas e aficionados

Comentários dos nossos leitores
aderito cardoso aderacardoso@yahoo.com.br
Comentário:
Eis um excelente exemplo do que uma pequena comunidade consegue fazer! Parabéns pela iniciativa.
 

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