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Motards continuam a renovar Freixinho

Aldeia do concelho de Pinhel recebeu cerca de mil visitantes no último fim-de-semana

O barulho das motas e um movimento fora do comum para a habitual pacatez da aldeia voltaram a tomar conta do Freixinho no último fim-de-semana. O VII Encontro Motard desta anexa da freguesia de Lamegal, concelho de Pinhel, juntou novamente os modelos mais recentes ou potentes da Honda e Kawasaki com as “clássicas” Famel Zundap, Sachs v5 ou até Vespas e moto quatro. As verbas angariadas durante os dois dias do evento continuam a ser canalizadas para a melhoria da aldeia.

Na pacata localidade, com pouco mais de 30 habitantes, há muito que se esperava por estes dias de grande azáfama. O Freixinho é invadido pelo ruído das centenas de motas que por ali passam, enchendo de cor e gente as ruas e desafiando carroças e tractores. Durante dois dias, os moradores contrastaram com os visitantes que vieram dos mais variados pontos. O casal Vítor e Teresa Silva, por exemplo, chegaram do Porto e já é a quinta vez que participam neste «excelente» encontro, uma vez que é realizado num «meio pequenininho», daí haver «muito calor humano», enaltecem. Destacam ainda o facto de quase toda a população se empenhar de forma voluntária para o sucesso da actividade: «O pessoal da aldeia une-se todo e isto tem um espírito completamente diferente de outras concentrações, como Góis ou Jerez de la Frontera. Aqui conjugam o rural com o espírito motard», reforçam. Já Filipe Lopes, de 17 anos, veio de Viseu e na sua estreia ficou bastante entusiasmado com o movimento «completamente diferente» que o Freixinho tem nestes dois dias, uma vez que costuma vir à aldeia noutras alturas do ano visitar familiares.

Um pouco mais velho é o guardense Armando Dias, que, aos 82 anos, talvez tenha sido o motard “menos jovem” a participar, orgulhando-se de ser «sempre o primeiro a sair para a estrada». Rotulando-se de «motard internacional», garante que vai a «todas as concentrações do país e a algumas de Espanha». Com a sua potente e vistosa mota adornada com um corno, explica que o amuleto é «para a paródia» e que a paixão pelas duas rodas nasceu aos 20 anos, quando teve o seu primeiro meio de transporte. Apesar de não ser cobrada qualquer taxa de inscrição, com o intuito de aumentar o número de visitantes, o Centro Social, Cultural e Recreativo do Freixinho, promotor do encontro, continua a angariar verbas que têm sido canalizadas para a melhoria das suas instalações e da própria aldeia. Tudo graças à venda de brindes publicitários e de “comes e bebes”, dinheiro que permitiu comprar mobiliário novo para a associação, uma aparelhagem de som, um fogão, um esquentador e uma mesa de “ping-pong”.

As receitas também contribuíram para diversas obras, como a reparação do chafariz e da colocação de pedra rústica numa parede envolvente, limpezas e pinturas, bem como para o calcetamento da envolvente à sede da colectividade. «Muitos melhoramentos que têm sido feitos na associação e na aldeia foram-no através dos fundos angariados com este evento», reconhece João Martins, dirigente do CSCR. Por isso, além de darem outra vida à aldeia nestes dias, os motards também «ajudam de forma indirecta à sua melhoria». Por outro lado, a opção em promover o encontro em vez de uma concentração é para continuar e está relacionada com o facto de não se pagarem inscrições: «Não pedimos dinheiro a ninguém. Quem vier aqui e não quiser consumir nada tem direito na mesma à animação de rua que temos durante a tarde e aos grupos musicais à noite. As pessoas pagam apenas aquilo que comem ou bebem e os brindes alusivos ao encontro que quiserem adquirir», refere.

Ricardo Cordeiro Houve quem aproveitasse para dar “show” para gáudio do muito público

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