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Morreu neurocirurgião João Lobo Antunes

João Lobo Antunes morreu esta quinta-feira na sua casa, em Lisboa. O neurocirurgião, de 72 anos, lutava há vários anos contra um cancro na pele. Nos últimos tempos passou por sucessivos internamentos no Hospital CUF Infante Santo, tendo tido sempre alta para o domicílio.

Atualmente liderava a Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV). Nascido em 1944, João Lobo Antunes herdou do pai neurologista a paixão pela medicina e pelo ensino. Em 1971 concluiu a licenciatura na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo seguido depois a especialização no Departamento de Neurocirurgia do New York Neurological Institute, na Universidade de Columbia.

Após de mais de uma década a viver nos EUA, regressou a Portugal em 1984, tendo começado a dar aulas na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde permaneceu até 2014. Nessa instituição chegou a presidir ao Conselho Científico e foi diretor do serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria.

Foi vice-presidente para a Europa do World Federation of Neurosurgical Society e presidente da Sociedade Europeia de Neurocirurgia. Atualmente liderava a Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) e o Conselho de Ética da Fundação Champalimaud.

O neurocirurgião dedicou-se sobretudo ao estudo do hipotálamo e da hipófise. No ano passado, foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Saúde 2015, altura em que foi recordado como o primeiro médico da história a implantar um olho eletrónico num cego, um implante que desde então já foi feito em 15 invisuais, permitindo-lhes ver algumas formas e distinguir certas cores.

Com vários livros publicados e artigos, João Lobo Antunes foi conselheiro de Estado e venceu o Prémio Pessoa em 1996. Foi também agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante, a Grã Cruz Militar de Sant’Iago de Espada e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, além de distinções internacionais.

A nível político, foi mandatário nacional das candidaturas presidenciais de Jorge Sampaio, em 1996 e de Cavaco Silva em 2006, tendo depois feito parte do Conselho de Estado.

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