Arquivo

«Molina é um homem de acção»

VI Prémio Eduardo Lourenço foi entregue ao poeta espanhol César Molina por ocasião do décimo aniversário do Centro de Estudos Ibéricos (CEI)

«Este é um prémio particular, porque César Antonio Molina, além de ser uma personalidade intelectual, é também um homem de acção», sustentou o ensaísta Eduardo Lourenço na entrega do galardão com o seu nome, na passada sexta-feira, na Guarda.

O filósofo disse que este prémio «sai um pouco da norma», já que foi entregue a uma personalidade que se destacou tanto na literatura como na política, na altura em que foi ministro da Cultura. «Molina não é só um escritor no sentido forte da palavra, ele foi um dos maiores animadores culturais que Espanha teve enquanto director do Instituto Cervantes, do Círculo de Belas Artes de Madrid e como ministro», referiu Eduardo Lourenço. Outra das razões apresentadas para justificar a escolha do poeta foi a sua vontade de estabelecer uma ponte entre os países ibéricos. «Ele cabe perfeitamente nesta nova vontade de criar e inventar uma nova maneira de nos darmos com o país vizinho», defendeu o pensador, à margem da cerimónia. Na sua opinião, há um certo «iberismo» que trespassa toda a obra de César Molina.

De facto, o poeta acabou por reconhecer que o seu interesse por Portugal começou cedo, ainda jovem, quando vivia na Galiza. «Conheci primeiro o Porto, Lisboa e Coimbra e só depois Madrid», confidenciou. César Molina acrescentou que sempre escreveu muito sobre Portugal e o país ainda não o havia «reconhecido». Por isso, o escritor sentiu-se «honrado» com a atribuição do prémio instituído pelo CEI, sobretudo por considerar Eduardo Lourenço «um dos mais importantes intelectuais europeus do século XX». «Receber um prémio com o seu nome é uma honra, este foi um dos mais importantes momentos da minha vida», declarou. O galardoado sublinhou ainda ter ficado «encantado» com a Guarda, que não conhecia, e sugeriu que «trabalhe mais as suas relações» com o país vizinho.

No entanto, César Molina deixou claro que «os destinos de Portugal e Espanha jamais foram opostos» e desafiou: «Porque não agora entrecruzá-los?». Já Eduardo Lourenço considerou que o diálogo entre a região e Espanha «já foi mais intenso» quando muitos portugueses estudavam na Universidade de Salamanca. Ainda assim, disse acreditar que «este laço está neste momento a ser reatado», nomeadamente através do CEI.

Catarina Pinto Poeta espanhol recebe VI prémio Eduardo Lourenço

«Molina é um homem de acção»

Sobre o autor

Leave a Reply