Portugal vai investir este ano 80 milhões de euros na prevenção de fogos florestais de acordo com o dispositivo de combate aos incêndios apresentado na semana passada em Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco. A partir de 1 de Junho, e até ao final de Setembro, vão estar envolvidos na vigilância da floresta mais de 5 mil agentes públicos co-financiados com o apoio do Estado. Além destes, estarão também mobilizados entre 4 a 5 mil outros elementos, quer jovens de programas de ocupação de tempos livres quer beneficiários do rendimento mínimo garantido.
Dividida em dois períodos, a estratégia de combate aos incêndios compreende o mês de Junho, denominado “nível Alfa”, com 138 Grupos de Primeira Intervenção (GPI), 31 grupos de apoio e 169 veículos. De 1 de Julho a 26 de Setembro a prontidão do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) passa a “nível Bravo”, com 3.637 homens envolvidos, 604 GPI, 191 grupos de apoio e 795 veículos. Prontos para qualquer emergência estão também dois helicópteros durante todo o mês de Junho, passando a 38 os meios aéreos disponíveis em Julho, Agosto e Setembro. Nesse sentido, o Governo anunciou o reforço do número de aviões e helicópteros para combater os incêndios florestais no próximo Verão. Depois da época anterior ter sido a pior de todas as que há registos em matéria de incêndios, com cerca de 420 mil hectares de área ardida, foi já lançado, entre outras medidas, um concurso para a contratação de mais dois helicópteros pesados e criado um centro especializado em fogos florestais, sediado na Lousã. Por outro lado, e para prevenir os fogos florestais, foi elaborado um mapa de risco potencial de incêndio florestal enquanto os vários comandantes de bombeiros receberam formação específica em França.
As despesas com incêndios florestais no período de calamidade pública (mais de 4,8 milhões de euros) foram inventariadas, tendo sido realizadas auditorias técnicas aos corpos de bombeiros para identificar necessidades de material. Desde o Verão foram também atribuídos novos materiais, nomeadamente de desencarceramento (a 25 corpos), reparadas 40 viaturas e repostas mais 23, e formados 250 chefes de grupos de primeira intervenção. Em breve estarão formados mais 80 comandantes operacionais de bombeiros e em fase de conclusão estão também os planos nacional e distritais de combate a incêndios florestais, a activar já a 1 de Junho. Nessa data estarão em permanência na prevenção e luta contra incêndios 1.000 bombeiros, passando para 3.500 entre Julho e finais de Setembro. Até ao Verão serão ainda activadas 12 bases de apoio logístico, para garantir o apoio permanente a meios e grandes operações. A médio prazo o Governo prepara-se também para introduzir a questão dos incêndios florestais nos currículos educativos, utilizar imagens de satélite (do National Oceanic and Atmosferic Administration) para acções de monitorização, criar uma nova base de dados para informação e gestão de ocorrências e fazer planos de reequipamento dos corpos de bombeiros períodos de três anos.
Luis Martins