Chamo-me Miriam Pinto e fui aluna na Escola Secundária Afonso de Albuquerque da Guarda desde o 7º ao 12º ano. Foi nesta escola, com a ajuda de professores e colegas, que adquiri os conhecimentos pedagógicos que me permitiram prosseguir a minha formação académica, tendo sempre em mente o nível de exigência requerido para poder conquistar as metas por mim definidas.
No ano de 2005 iniciei a minha formação como médica dentista na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Tal como muitos outros colegas, fui-me apercebendo das dificuldades que, neste momento, os jovens recém-formados enfrentam para encontrar emprego no nosso país. Devido ao facto do trabalho como médico dentista em Portugal ser quase exclusivamente privado, num mercado já bastante lotado, esta situação torna-se ainda mais difícil de sustentar.
A oportunidade de vir trabalhar para a Suécia surgiu através de colegas que já se tinham aventurado a sair do país e decidido trabalhar noutro lugar na Europa. Falaram-me que aqui no Norte, em especial, havia procura de médicos dentistas e decidi que não tinha nada a perder. Esta aventura começou há sensivelmente quatro meses e a experiência tem sido muito boa. A época do ano em que me mudei para cá coincidiu com o pico do inverno, o que me trouxe algumas novidades, às quais não estava habituada. Desde temperaturas na ordem dos -35 ºC, até à estranheza de ter quase 24 h de noite, este inverno revelou-se muito mais agreste do que aquele a que eu estava habituada no nosso país. No entanto, a cidade branca coberta de neve (que por vezes me chegava à cintura) pintava um retrato que parecia tirado de um postal. Desde logo foi também notória a simpatia e a atenção do povo sueco e com o tempo fui descobrindo peculiaridades únicas da sua cultura.
Durante os primeiros três meses frequentei um curso intensivo de língua sueca, pois a necessidade de falar com as pessoas na comunidade e, em particular, com os doentes, a isso exigia. Neste momento já iniciei o meu trabalho como médica dentista no serviço médico-dentário público, onde deverei trabalhar durante os próximos anos.
Apesar de o desejo de voltar a trabalhar em Portugal ainda estar presente, esta oportunidade veio permitir o meu enriquecimento, não só a nível profissional como também pessoal.
