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Metade dos alunos não lêem

Obras integrais dos programas

49% dos alunos não lê integralmente as obras principais em Português no 11º e 12º anos, nomeadamente Os Maias de Eça de Queiroz e Memorial do Convento, de Saramago. Os alunos que não lêem a obra integral são em percentagem idêntica nas duas obras. Entre os que não acabam de ler estas obras, 72% lêem metade ou menos de metade tanto numa como noutra. São estes os números de um Inquérito feito pelo EXPRESSÃO a 4 turmas do 12º ano relativamente às suas leituras deste ano (Memorial) e do ano passado (Maias). Um total de 95 alunos respondeu aos Inquéritos, sendo 70 alunos de Ciências e Tecnologias e 25 de Línguas e Humanidades.

Se este fenómeno já era conhecido ou adivinhado, estes números fazem-nos agora cair na realidade do problema. Os alunos que não lêem apontam como principais razões da não-leitura no caso d’Os Maias o facto de ser uma leitura que provoca aborrecimento (33%) e o facto de não disporem de tempo (33%), referindo ainda terem poucos hábitos de leitura (22%) e ser a leitura muito difícil (13%). No caso do Memorial, 37% dos que não lêem referem não ter tempo, 23% referem não ter hábitos de leitura, 21% falam de ser aborrecida a leitura, 13% apontam a dificuldade da obra. Uma pequena percentagem refere o facto de as obras serem volumosas.

Como é que então se desenrascam os jovens? Lendo resumos, evidentemente, a maior parte nos livros auxiliares de ensino e também acompanhando as aulas; outros ainda (poucos) limitam-se a trocar impressões com colegas sobre a história.

E no entanto, quando se pergunta aos jovens do 12º ano se faz sentido ler obras integrais no Secundário, a maior parte (87%) acha que sim. E porquê? Dizem eles: porque nos torna mais cultos, porque nos dá informação e conhecimento, porque cria hábitos de leitura e desenvolve a capacidade de leitura, porque desenvolve o espírito crítico, porque nos faz conhecer a História, etc., etc. E os poucos que dizem que não? Esses salientam que a leitura devia ser livre, que não há tempo para estas coisas, que estas leituras carecem de utilidade.

Finalmente, quais as sugestões de obras integrais para o secundário? A maior parte dos alunos sugere obras mais fáceis e actuais; obras com mais acção e menos descrição; livros da área da ficção científica e dos policiais; bandas desenhadas; obras com ingredientes românticos. As sugestões concretas vão desde A Volta ao Mundo em 80 dias de Júlio Verne até autores como Paulo Coelho e Lobo Antunes, José Rodrigues dos Santos e Isabel Allende. Mas também há gente a sugerir as Viagens na Minha Terra, de Garrett e o Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco.

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