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Mestre Núbia Mahdi

Bilhete Postal

Nascido em 1849, o Mestre teve o privilégio de conhecer Ferdinand de Lesseps que construía em 1864 o Canal de Suez, ligando o Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Núbia Mahdi foi viver para o Sudão após um tempo curto no Egipto. Iniciou-se nas tradições de rezas e encantamentos, dedicou-se a dispositivos de bruxaria e mau-olhado. Com Núbia aprenderam os filhos e depois os netos, que viriam a subir os 163 quilómetros do Canal que o avô descera.

Acabaram por atracar em Espanha após meses num “boat people” onde foram morrendo dois terços dos embarcados. Mestre Núbia Mahdi dera-lhes o saber de transformar mar em água, de fazer saltar o peixe para o seu colo e a força das rezas e das lenga-lengas com que sobreviveram todos os Mahdi. Do Sudão Oeste, fugidos da guerra do Darfur, vieram parar à Europa, onde confortam mulheres mal amadas, onde dirigem rezas para espíritos espantados e por vir. A Mahdi recorrem cornudos, desonrados, desesperados, ciumentos, invejosos e outros atormentados e a todos Núbia dá alento e ventura. Núbia seria incapaz de resolver o conflito de Darfur, de nos salvar do Governo Socialista, de quebrar a violência da noite, de dar a todos seu alento e terminar com a pedofilia. Núbia Mahdi nasceu com estes dotes curtos de fazer muito de sentimentos baixos. Para a avareza seis incensos e dois cânticos, para o mau vizinho um vodoo de boneca com cabelos dele, para vingança dois sapos e um copo de roupas do traidor. Tudo coisas

mínimas de maléficos resultados e grandes engenhos futuros. Os Mahdi são já um escritório em rede, uma agência semelhante às lojas chinesas e esperam ter sucesso neste Portugal onde a inveja, o vilipendio, a traição, o mal dizer, o mal falar, crescem às “mãs cheias”, às paletes, às molhadas. O Darfur está entre nós.

Por: Diogo Cabrita

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