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Menos que Zero

Depois de um breve interregno, regresso a este espaço desejando a todos um feliz 2005. Não vai ser um ano fácil, é certo, mas os dois actos eleitorais que se aproximam representam outras tantas oportunidades de controlar o destino, coisa que raramente acontece.

E já que falei das eleições, resolvi recuperar dois textos que escrevi em Dezembro, um relacionado com Legislativas e outro com Autárquicas.

Ena tantos

Façam um rápido exercício de memória e procurem recordar-se dos socialistas covilhanenses que nos últimos anos têm dado a cara pelo partido na cidade. Lembraram-se de quantos? Dois? Três? Talvez quatro, mas já com um apreciável esforço de memória.

No entanto, na última vista de José Sócrates à Covilhã vi centenas de socialistas à espera dele para o cumprimentarem. De passagem pela Praça do Município, consegui distinguir claramente quatro tipos de socialistas: os históricos; os militantes alegadamente no activo; os socialistas desde pequeninos, mas que só aparecem nestas ocasiões; os socialistas do futuro, aqueles que descobrem a sua verdadeira ideologia logo que cheira a poder.

Pelo que se tem visto nos últimos anos, ninguém diria que há tantos socialistas na Covilhã.

Quem vier a seguir…

A maioria laranja na Assembleia Municipal decidiu, está decidido: as rendas da habitação social da Covilhã geradas nos próximos 25 anos vão ser vendidas a um sindicato financeiro.

Habilmente, o presidente da Câmara tentou comparar esta antecipação de receitas ao princípio que norteou a construção das SCUT´s, dizendo que os partidos da oposição não podem ser simultaneamente contra a venda antecipada das rendas e a favor das SCUT’s. Tiro na água. Uma coisa não tem rigorosamente nada a ver com a outra. O sistema das SCUT´s já está a ser utilizado pela câmara sempre que recorre a mais um empréstimo para terminar obras em curso. E faz muito bem, já que o usufruto antecipado de algumas infra-estruturas é, por si só, uma mais-valia que justifica os juros a pagar.

No caso da antecipação de receitas acontece algo diferente. O que a Assembleia Municipal aprovou foi a utilização imediata de recursos que deveriam ser geridos pelos futuros elencos camarários, o que é diferente da utilização imediata com pagamento posterior.

Terminado o processo político, ficam as dúvidas que já referi noutra ocasião: quem fica responsável pela manutenção destas habitações, quem garante a boa cobrança das rendas e que consequências pode ter a impossibilidade da sua cobrança.

Obviamente, este tipo de preocupações faz sentido para os munícipes e para os que pensam vir a assumir cargos autárquicos nos próximos tempos. O que não parece ser o caso do presidente da Câmara da Covilhã já que, ao que tudo indica, nas próximas Legislativas será o número dois do PSD por Castelo Branco.

Quem vier a seguir que se amanhe.

Por: João Canavilhas

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