Básico com avaliação
Os alunos dos 1º e 2º ciclos vão passar a ter provas de aferição nacionais às disciplinas de Português e Matemática. O objectivo é avaliar a qualidade das aprendizagens ou, dito de outra forma, “medir o grau de cumprimento dos objectivos essenciais, definidos para cada ciclo, a nível nacional”.
A iniciativa é louvável e vem colocar um ponto final num sistema que funcionava de forma intermitente e apenas por amostragem. Porém, o seu sucesso dependerá de dois factores: em primeiro lugar, que os resultados nacionais sejam do conhecimento público e o desempenho individual dos alunos seja comunicado aos pais. Em segundo, que o Ministério actue nos locais em que os resultados fiquem abaixo da média nacional, procurando as causas e agindo no sentido de corrigir as insuficiências detectadas. É preciso não esquecer que um sistema, por melhor que seja, apenas cumpre os objectivos quando é consequente.
Secundário obrigatório
A Ministra da Educação quer alterar a Lei de bases do Sistema Educativo para contemplar a obrigatoriedade de permanência no ensino até aos 18 anos.
Estamos perante uma evolução, é certo, mas manter jovens na escola para obedecer a um limite etário não resolve nada. A obrigatoriedade deve estar relacionada com o nível de escolaridade – 12º ano – e não com a idade.
Para isso é preciso actuar nas áreas da oferta formativa e da penalização do abandono. No primeiro caso, o Governo deve aumentar a oferta de ensino profissional. No segundo, a solução passa por uma colaboração interministerial conducente à implementação de duas medidas simples: obrigatoriedade de 12 anos de escolaridade para tirar a carta de condução e para ingressar no mercado de trabalho.
Superior escolhido com critério
Terminada a semana de candidaturas ao Ensino Superior, resolvi falar novamente com pessoas ligadas a Gabinetes de Ingresso para confirmar um fenómeno que me foi referido em anos anteriores: grande parte dos candidatos chega ao local de candidatura sem ter definido em que curso ou área pretende ingressar. Por estranho que pareça, é ali, no momento de preencher os impressos, que os candidatos tomam uma decisão desta importância. O resultado está à vista: as taxas de abandono escolar e as mudanças de curso registadas no primeiro ano das licenciaturas são assustadoras.
Aparentemente, a orientação vocacional não está a resultar e a informação difundida pelo Ministério da Educação e pelas próprias Instituições de Ensino Superior não funciona da melhor forma.
É sabido que o sucesso do ensino depende muito do desenvolvimento das características inatas de cada um. Formar pessoas que escolheram uma área por mero acaso exige mais esforço ao aluno e, ainda assim, dificilmente garantirá realização profissional.
Se não queremos continuar com as actuais escandalosas taxas de abandono no Superior, o melhor será repensarmos o actual sistema de apoio ao ingresso.
Por: João Canavilhas