Os titulares do Cartão do Idoso, que até Junho utilizavam gratuitamente os transportes públicos da Covilhã de forma ilimitada, já só têm direito a 20 viagens grátis. De acordo com a Câmara Municipal, esta medida é consequência das restrições orçamentais impostas pelo Governo, mas também da identificação de alguns abusos na utilização dos transportes.
Independentemente da justiça desta alteração, há duas constatações interessantes que merecem ser sublinhadas:
1. A forma como a Câmara Municipal da Covilhã comunica as medidas impopulares é extremamente interessante: quando os idosos recebem alguma coisa – como as viagens gratuitas ou o jantar de Natal – é a Câmara que dá. Quando esses benefícios são retirados, a culpa é do Governo. Curioso!
2. O autor deste sistema de apoio aos idosos não teve capacidade para antecipar os abusos que agora foram detectados. Resta saber se isso aconteceu por incompetência do autor ou se foi algo premeditado, já que se antevia a recandidatura do actual presidente da Câmara. É preciso não esquecer que os dez mil idosos detentores do cartão representam outros tantos votos.
Nova oportunidade
De acordo com a Região de Turismo, a Serra da Estrela vai receber investimentos de 100 milhões de euros nas áreas de infra-estruturas e animação turística.
Os projectos apoiados ainda não foram tornados públicos, mas espero que a animação turística receba uma fatia significativa deste investimento.
Tal como referi noutras ocasiões, o grande problema da Serra da Estrela já não é a falta de unidades hoteleiras, mas a débil oferta de actividades de lazer. Se há uma faixa etária que procura a serra para descansar, é preciso não esquecer aqueles que desejam actividades de recreio, pelo que a animação turística deve merecer uma atenção especial.
O Skiparque é um bom exemplo do tipo de actividades que a região pode oferecer, mas uma só estrutura deste género é insuficiente para atrair um turismo que procura quebrar a monotonia diária com actividades variadas.
Em paralelo com este tipo de investimentos, é urgente criar uma imagem de marca para região. Por muito que nos custe, a Serra da Estrela ainda é associada ao turismo do garrafão e do saco plástico para escorregar na neve. Enquanto essa imagem não for substituída, dificilmente conseguiremos colocar a serra noutro patamar de qualidade.
Por: João Canavilhas