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Menos que Zero

Os políticos da região fizeram várias leituras dos resultados eleitorais, procurando identificar as consequências da maioria socialista a nível local. O PS do Fundão considera que o resultado nacional prenuncia uma vitória socialista na Câmara Municipal daquela cidade. Já o PSD da Covilhã vê na derrota um sinal dos eleitores para que Carlos Pinto não abandone a Câmara.

Ambas as leituras são exemplos da demagogia reinante, pois a escolha que os eleitores fizeram nestas Legislativas tem pouco a ver com o sentido de voto nas autárquicas. Os factores que condicionam o voto variam de eleição para eleição, o que torna este tipo de extrapolações num mero exercício inconsequente.

E por que votam as pessoas num ou noutro partido?

– Por razões ideológicas e históricas: São indivíduos que não mudam o sentido de voto, constituindo a expressão mínima de cada partido.

– Liderança: Embora nas Legislativas se elejam deputados, uma parte da população prefere escolher o primeiro-ministro. Por isso votam naquela que consideram ser a melhor liderança ou, como aconteceu desta vez no PSD, votam contra essa liderança.

– Proximidade: Um amigo, colega ou familiar integrado numa lista também pode levar a uma mudança no sentido de voto.

No caso do distrito de Castelo Branco juntaram-se os três factores: ao voto ideológico no PS, já de si significativo, juntou-se o voto do centro contra o Governo, dos social-democratas contra Santana Lopes e dos covilhanenses a favor de Sócrates.

Encontrar nestes resultados um voto contra ou a favor de Carlos Pinto ou de Manuel Frexes é uma extrapolação forçada para servir os interesses políticos locais.

Política e futebol

O Sporting da Covilhã pretende comprar a velha sede para não ser despejado. Tal como a maior parte dos clubes de futebol, a equipa serrana atravessa graves problemas financeiros, pelo que procura agora obter apoios para adquirir a sede. Até aqui tudo bem. O problema começa quando o clube diz que espera receber um forte apoio da Câmara Municipal da Covilhã. E aqui, alto e pára o baile.

Em tempos, a autarquia ofereceu ao clube um dos terrenos mais nobres da cidade. Mais tarde, o clube trocou o terreno por um espaço para a sede e um estacionamento no Centro Comercial do Sporting. Posteriormente, o clube arrendou parte do espaço destinado à sede e vendeu o silo. Ou seja, passado todo este tempo, o Sporting da Covilhã voltou à estaca zero: não tem sede nem dinheiro.

Independentemente do respeito que o clube me merece, penso que a Câmara não deve contribuir para a compra da sede. Bem sei que o Sporting da Covilhã é um embaixador da região, que a actual direcção do clube não é culpada da situação financeira, que o futebol é um desporto caro, etc, etc, etc. Mas não podemos esquecer as dezenas de associações e clubes do concelho que também precisam de apoio para as suas actividades. São grupos com menos visibilidade e que, por isso mesmo, têm mais dificuldade em conseguir outros patrocínios, pelo que dependem mais dos apoios camarários. Também eles prestam um serviço à comunidade e têm uma importância fundamental nas suas localidades, pelo que merecem igual consideração e apoio.

Qualquer subsídio suplementar da Câmara ao Sporting da Covilhã deve ser visto como um prémio à má gestão e uma distinção para um desporto que continua a viver muito acima das possibilidades.

Por: João Canavilhas

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