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Meninos de ontem, pais de hoje

Esqueceram que já foram meninos e hoje deviam ter “calo” e saber de todos os capítulos da sua vida, principalmente o da sexualidade. Os seus filhos podem não receber a educação certa, desejada e atempada, porque os seus progenitores podem não querer ter esse trabalho, ou não têm conhecimentos e, por vezes, chegam cansados do emprego. O menino de ontem esqueceu que a própria natureza se encarrega de ensinar e puxar por nós. Se assim não fosse que seria dos restantes animais e a estes só lhes falta ter pudor, porque respeito, dignidade e amor pelas suas crias tem-nos mostrado através dos tempos e sem lições.

No filme “Então é Assim”, transmitido pelo RTP 2, na passada sexta-feira, às 20h30, a ideia é boa e até pode ajudar em alguma coisa, visto que até há livros nas livrarias sobre estes temas. Mas neste tipo de programa limar, previamente, alguns atritos entre si, porque todos querem fazer prevalecer a sua opinião e ao telespectador interessado o que interessa é saber se sim ou não, as opiniões que fiquem lá com eles, porque só estão a gastar energia eléctrica, cá e lá. Quanto ao filme tem duas cenas que podem criar alguma confusão à criança espectadora. A primeira é quando o casal está deitado na cama a trocar carícias entre si. As crianças de hoje podem muito bem comentar que só se faz isso aos 80 anos. Quanto à segunda cena bastava mostrar a posição dos corpos em questão, para melhor aproveitamento da penetração. As outras posições corporais são, como se diz no ramo automóvel, “extras” e nada têm a ver com o desejo divino de conceber um filho com amor, pois não dão a ideia de mostrar em primeiro plano o gozo para atingir um orgasmo sem qualquer fruto. Deviam sim ter exemplificado como se faz um filho com o desejo “animalesco” de causar dor e sofrimento.

Se hoje não existisse, o parágrafo atrás escrito, de certeza que não era necessário explicar como se faz um filho, bastava apenas falar em amor. Felizes os pais que têm rapazes e raparigas de idade próximas, pois é muito mais fácil explicar a ambos a sexualidade, assunto este que não foi focado no filme e era importantíssimo. É triste ter que vir documentação do estrangeiro para nos explicar este assunto. Isto faz-me lembrar um filme de banda desenhada que vi em cinema ou televisão, já não me recordo, que mostrava a chegada de Cristóvão Colombo às terras da América e qual foi o espanto dele ao ver as crianças em fato de banho a tomar banhos de sol e todas elas empunhavam um canudo de sorvete. Ainda nós fazemos greves para não fazer nada, até filhos.

António do Nascimento, Guarda

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