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Melo, o guarda-redes eterno

Prestes a completar 58 anos, o guarda-redes do Mileu é o futebolista mais velho a competir nos campeonatos distritais da Guarda

A poucos dias de completar 58 anos, é a «paixão pelo futebol» que faz Fernando Melo continuar a jogar nos campeonatos seniores da Associação de Futebol da Guarda. O veteraníssimo guarda-redes do Mileu já foi titular três vezes esta época, mas garante que no fim da presente temporada vai “pendurar as luvas”. Contudo, o guardião não vai deixar os relvados, pois o jogador mais velho do Núcleo das Velhas Guardas da Associação Cultural e Desportiva da Guarda/Associação Desportiva da Guarda vai continuar disponível para os jogos amigáveis que aquela equipa de veteranos vai realizando regularmente.

Melo, como é habitualmente chamado, começou a jogar futebol com 14 anos nos juvenis da Desportiva da Guarda na longínqua época de 1971/1972. Seguiram-se 40 épocas ininterruptas de inscrições na Federação Portuguesa de Futebol até ao final da temporada 2011/2012, altura em que pensou ter-se despedido do desporto “a sério”: «Esta época voltei a ser federado por uma simples coincidência. Jogo nos veteranos da Desportiva da Guarda e fomos fazer um treino com o Mileu que, nessa altura, só tinha um guarda-redes e então falaram comigo. Ainda rejeitei, mas depois, devido à amizade que tenho com algumas pessoas ligadas ao clube, acabei por aceitar», explica o guarda-redes. O atleta natural da Guarda aceitou o convite na condição de ser apenas utilizado «quando fosse preciso jogar», mas ainda assim já foi titular em três ocasiões e confessa estar «muito agradecido» por isso. «É um privilégio ainda poder contribuir com alguma coisa para o futebol com esta idade», adianta.

Bancário de profissão, Melo comemora 58 anos na próxima segunda-feira e garante que é a «grande paixão que sempre tive» pelo futebol que o leva a continuar a jogar, garantindo que, para o ano, «a aposta é seguramente nos veteranos da Desportiva da Guarda», que continua a representar «com muito orgulho». Esta época tem ouvido dos adeptos adversários do Mileu comentários jocosos como «“já estás velho”» ou «“se calhar estavas melhor à lareira”», mas Melo garante que lida bem com essas provocações. Já com os seus colegas, alguns com idade para serem seus filhos e outros até netos, mantém uma «relação de respeito», havendo alguns que, de início, o trataram por senhor. «Mas eu coloco-os logo à vontade, digo-lhes que sou precisamente igual a eles e costumo dar-lhes conselhos», refere o jogador.

A nível de preparação física, o guardião garante que nunca foi de «grandes excessos» e recorda que, «embora nunca tivesse sido profissional, fui habituado a jogar no meio deles, que tinham regras, e eu também as cumpria». Melo está ciente de que será um caso difícil de igualar no país, mas sublinha que «não é por isso» que continua a jogar futebol: «Nunca tentei, nem estou aqui para bater recordes. Ando cá porque gosto mesmo de jogar futebol, gosto da relva, do cheiro do balneário, de conviver, de arranjar amigos e no futebol arranjei muitos», destaca . Há quem diga que os “guarda-redes têm de ser malucos” e o veterano atleta revê-se «um pouco» nessa afirmação, exemplificando que, «por vezes, temos que meter a cabeça onde os outros metem os pés, mas isso nasce com a pessoa. Estamos cá o para o que der e vier». De resto, lembra que, «felizmente, nunca tive uma lesão que me impossibilitasse de jogar».

Melo jogou 20 épocas na Desportiva da Guarda, incluindo 12 na IIIª e cinco na IIª Divisão Nacional, quatro no Mangualde, 10 no Souropires, onde chegou já com 38 anos e de onde saiu campeão distrital. Representou ainda a Guarda Desportiva e o Estrela de Almeida antes de chegar ao Mileu.

Ricardo Cordeiro Melo começou a jogar futebol na época 1971/1972

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aderito cardoso adercardoso@yahoo.com.br
Comentário:
Um atleta exemplar!
 

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