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Matilha – o efeito terapêutico

Se colocarmos um cão entre seus irmãos ele cresce em harmonia, aprende os gestos que lhe são naturais: como utilizar o olfato, como esconder um osso, como demarcar seus territórios. Mas um cão pode crescer em ambiente humano e obviamente que as consequências sociais no seu comportamento existirão. Se foi arrancado demasiado cedo do conforto dos pelos, das mordidelas no cachaço, o cão manifestará estas ausências em atitudes que nos surpreendem. Os cães, como as pessoas, podem e devem educar-se em ambiente adequado e próximo da sua natureza de base. Os comportamentos formam-se um pouco da teia das heranças genéticas mas também por imitação e por confrontação. Inibir é tão importante como incentivar. Frenar é a mesma mãe que atiçar. A matilha é mais instrutiva que a solidão e por isso é estranho o adolescente que se isola. Por isso é estranho o cão que não cheira os outros cães, que só lhes rosna. A força da matilha na educação é temperadora e fortalece. Há algo de muito importante nesta energia que tem de ser utilizada por quem comanda grupos. A energia da matilha é uma lição para uma empresa e até para uma redação de jornal. A identificação física, a proximidade dos cheiros, o espírito de corpo e a organização com base nos líderes que vão surgindo torna a matilha uma arma e simultaneamente um processo de sobrevivência. A coerência é um fenómeno intocável da lei da matilha. Há muita revolta quando o mal é só para uns e o bem é sempre dos mesmos. A força da revolta nasce no seio dos cães e as brigas irrompem.

Por: Diogo Cabrita

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