Marcianos invadem o meu sono frequentemente. Adorei saber que já podem voltar para Marte. Também percebi porque não gostam nada daquela praia sem água. Ele é areia por todo o lado, não se vislumbra uma flor, um malmequer, um eucalipto. Marte parece-se com a Lua. Não há intimidade nenhuma naquele espaço aberto. Como no Alentejo, todos sabem do primeiro beijo, todos reconhecem o carro dois dias antes da visita. Marte é a terra dos tipos que me chateiam. São gente que atende sem levantar os olhos. São o pessoal que nos vira as costas sem resposta. São os vigaristas em torno das actividades do dia-a-dia, os vendedores da banha de cobra, os ladrões das reformas dos velhos, os músicos de campainhas de porta, os telefonemas anónimos, os meninos sem cabeça para o carro que o pai lhes deu. Esta gente toda de Marte e os donos de cães que me sujam o passeio, mais os porcos que atiram todo o lixo para a beira da estrada davam uma população significativa em Marte. Ficarei feliz no dia da ponte que os levar. Ficarei contente se a ponte não for do projectista da ponte Europa. Deus leve estes tipos todos daqui. Olá Marte, que destino imenso espera por ti.
Por: Diogo Cabrita