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Maria do Carmo votou contra silo-auto

Em 2003, o jardim tinha um significado «emocional e saudosista» para a presidente da Câmara

O processo do silo-auto no Jardim José de Lemos, a dois passos do centro da cidade, fica irremediavelmente marcado pela inesperada tomada de posição de Maria do Carmo Borges contra a sua construção. Estávamos em Fevereiro de 2003 e a presidente da Câmara invocou um significado «emocional e saudosista» do local, como fez questão de frisar na altura, para chumbar o estudo-base de Luís Soares, sendo acompanhada, mas por motivos de ordem técnica, pelos três vereadores do PSD que exigiram a reformulação da proposta. Resultado, o dossier foi retirado da sessão, aonde só regressou na semana passada.

Começou assim da pior forma e sem grande entusiasmo por parte da maioria do executivo um projecto que era suposto resolver os problemas de estacionamento da Guarda, cuja premência tinha sido realçada por oposição e maioria. Mas da teoria à prática vai sempre uma grande distância. Embalados pela opinião desfavorável de Maria do Carmo, os social-democratas explanaram dúvidas e receios e arrumaram o assunto em pouco mais de quinze minutos. Crespo de Carvalho disse mesmo que não ficaria convencido enquanto o estudo não apresentasse mais contributos de empresas da especialidade e arquitectos paisagistas, numa «solução mais vasta», até porque receava que a Câmara queira «resolver o problema do trânsito nem que fosse à custa de uma solução inviável». Esmeraldo Carvalhinho bem se esforçou ao dizer que «tudo foi tido em conta» no projecto e que esta tinha que ser uma «opção política», mas de pouco valeu. Bastou um mês para Maria do Carmo mudar de opinião, tanto mais que o seu sentimentalismo não agradou a alguns socialistas que a responsabilizaram em surdina por ter cometido um «enorme erro político» ao antecipar o seu voto contra o projecto facilitando «a vida aos vereadores do PSD, que se devem ter divertido com a desorientação dos eleitos do PS em torno de um documento proposto pela maioria», noticiava então “O Interior”. E em Novembro a presidente da Câmara já dizia que ia votar favoravelmente, pois «justificaram-me tecnicamente que o Jardim José de Lemos é o melhor local, embora continue a pensar que devíamos ter outras alternativas». Contudo, o assunto só foi definitivamente despachado a 15 de Setembro último, ano e meio depois de ter sido oficialmente apresentado na Câmara da Guarda.

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