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Marcelo considera Olano «um exemplo do que deve ser feito para criar riqueza»

Presidente da República inaugurou o novo centro logístico da multinacional francesa de transporte de frio na plataforma logística

O Presidente da República prometeu voltar à Guarda em meados de junho para inaugurar a conclusão da ampliação do centro logístico da Olano na plataforma logística. O projeto representa um investimento de 7,5 milhões de euros e impressionou Marcelo Rebelo de Sousa, que na segunda-feira inaugurou as mais recentes instalações da multinacional francesa de transporte de frio, no âmbito da terceira edição da iniciativa “Portugal Próximo”.

E para o chefe de Estado, a Olano, que está na Guarda desde 2009, é «um exemplo do que deve ser feito para criar riqueza em Portugal, onde parece difícil». Numa passagem marcada pela boa disposição e o à-vontade, o Presidente sublinhou que a escolha da cidade mais alta foi adequada porque a Guarda está «no centro geográfico e no centro económico» da Península Ibérica, sendo um «bom sinal» que o grupo faça mais investimentos na plataforma logística – onde já ocupa 28 lotes e adquiriu mais 17. Na sua opinião, a Guarda está «no centro daquilo que é o relacionamento entre Portugal e os mercados para onde vão os nossos produtos». Mas isso não basta: «Portugal anda para a frente com empresários amigos, que parece que vêm de longe mas já são quase portugueses, que recorrem a empresas portuguesas, que têm responsáveis portugueses, que são apoiados por municípios e com trabalhadores e trabalhadoras portuguesas. Estão aqui a receber e a distribuir produtos portugueses e vão distribui-los não apenas em Portugal, mas lá fora. Isto é promover Portugal», destacou Marcelo Rebelo de Sousa.

A Olano, especializada no transporte de frio, iniciou a ampliação da sua base operacional em abril passado para aumentar a capacidade de armazenamento na Guarda. O investimento então anunciado era da ordem dos 7,5 milhões de euros e criou 30 novos postos de trabalho. Sedeado no País Basco francês, o grupo Olano já investiu na PLIE quase 40 milhões de euros e emprega 200 pessoas, terá 130 camiões (será a maior do grupo) até ao final do ano e uma capacidade de armazenamento de 19 mil paletes. Durante a visita, os responsáveis do grupo ofereceram uma bengala tradicional do País Basco francês a Marcelo Rebelo de Sousa, que prometeu guardá-la no gabinete no Palácio de Belém. «Mas tem que ser com cuidado, não vá haver algum chefe de Estado estrangeiro que goste e que me peça. Não é levar, é que me peça», brincou o presidente. Aos jornalistas, João Logrado, diretor da Olano Portugal, explicou que a bengala simboliza «o reconhecimento por alguém e um sinal de carinho por essa pessoa».

Mais 60 novos postos de trabalho

Para Sandra Olano, a visita do Presidente da República foi «uma honra e um motivo de grande orgulho». A diretora-geral do grupo reconheceu que a empresa está «muito ligada» ao centro logístico da Guarda onde «há gente de muito valor e com a qual nos identificamos». Quanto ao projeto de ampliação vai arrancar em janeiro e a fase de construção de um novo edifício durará cerca de quatro meses. «Com esta empreitada estamos a acompanhar os nossos clientes», afirmou a responsável, acrescentando que a Guarda é uma «boa localização» para a Olano porque «estamos junto à fronteira espanhola e daqui partimos para toda a Europa. Portanto, é uma boa escolha». Além disso, «João Logrado é muito empreendedor, tem sempre vontade de construir e podemos realmente avançar com ele, o que é formidável», disse Sandra Olano.

Por sua vez, o diretor da Olano Portugal adiantou que novo entreposto permitirá ter outras valências ao nível da logística de frio na Guarda. «Atualmente só temos produtos a uma temperatura de -20º graus Célsius, portanto essa obra vai abrir-nos a porta para outras atividades que já desenvolvemos, mas que não temos ainda capacidade para poder responder a todos os pedidos». Segundo João Logrado, o investimento permitirá criar «mais 50 a 60 novos postos de trabalho».

Há uma «revolução silenciosa» no interior

No final de um dia dedicado à Beira Interior, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, na Guarda, que é «muito gratificante ver, deste ponto elevado, aquilo que está a mudar, aquilo que pode mudar em Portugal».

No encerramento de mais uma sessão das “Conferências da Guarda”, promovida pela autarquia, o chefe de Estado fez uma intervenção marcada pelo otimismo e pela confiança: «Nós vamos ser capazes de construir um Portugal melhor. Estamos a ser capazes», sublinhou o presidente, acrescentando que o que vê nas viagens que faz pelo país «é que as pessoas não desmobilizam» e «não desanimam». Neste périplo por Castelo Branco, Covilhã e Guarda, Marcelo disse ter aprendido «imensíssimo» com «a capacidade de afirmação das gentes das beiras». «Como foi e é possível haver tanta gente e instituições a continuarem a criar como se não houvesse crise e a fazer como se não houvesse limitações e a inovar como se não houvesse restrições, e a sonhar como se não houvesse obstáculos? Isso aconteceu e está a acontecer», declarou, referindo que a expressão «revolução silenciosa», que usava para as “startups”, tem vindo a alargar-se a «escolas, instituições de solidariedade social, estruturas comunitárias ou autarquias».

Após ter discursado na Câmara da Guarda, Marcelo Rebelo de Sousa visitou a “Cidade Natal”, onde chegou a pé quase uma hora depois do previsto devido às constantes abordagens dos guardenses. O dia terminou com uma visita à Sé. Durante a tarde, na Universidade da Beira Interior, onde conheceu a Faculdade de Ciências da Saúde, o Presidente da República disse acreditar que, até final do seu mandato, será possível ver «uma redução do problema de subfinanciamento» que afeta as instituições de ensino superior em Portugal.

No caso concreto da UBI, em que o valor das transferências do Orçamento de Estado não chega para pagar os salários, o chefe de Estado reconheceu que a situação «é preocupante» e foi «agravada pela conjuntura de crise». Contudo, disse esperar que, «com mais crescimento, seja possível nos próximos anos ter mais disponibilidades para o ensino superior em Portugal».

Luis Martins «Portugal anda para a frente com empresários amigos, que parece que vêm de longe mas já são quase portugueses», disse Marcelo na Olano

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