Por ser «um escritor engajado na sociedade, que acredita no poder da literatura», Manuel da Silva Ramos usou o caso do primeiro assassino em série português conhecido como temática do seu 14º livro. “A Ponte Submersa” enquadra-se «no projecto estético e ético» do autor covilhanense, que continua assim a abordar os temas «da ignomínia portuguesa». Uma obra que bebe da chuva – narradora da estória – parte significativa da sua originalidade. Tudo começou há um ano, quando o escritor almoçou em Santa Comba Dão e ouviu falar das três raparigas alegadamente assassinadas pelo ex-cabo da GNR, António Costa. Depois de “Café Montalto” (2003) e “Ambulância” (2006), Manuel da Silva Ramos mantém um estilo que o exilou em França durante décadas. Não se trata de uma mera recolha de dados, mas sobretudo de parte de um projecto de vida, lembrando que «neste país ainda há pessoas que resistem à decomposição dos valores». “A Ponte Submersa” vai ao interior do próprio país e desce até encontrar os sentimentos mais profundos, como fez com a Ponte de Salazar, intacta sob as águas da Barragem da Aguieira. O romance é editado pela Dom Quixote.