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Manuel Almeida renuncia em Celorico da Beira

Moção de repúdio do MPT ao vereador do PSD subscrita por deputados municipais do seu partido terá sido a “gota de água”

Fernando Veiga vai substituir Manuel de Almeida no executivo celoricense. O cabeça de lista do PSD nas últimas autárquicas renunciou na semana passada ao mandato de vereador e apresentou ontem, após o fecho desta edição, os motivos que o levaram a cessar funções. A decisão vem culminar um período muito conturbado para o ex-vereador social-democrata na autarquia, acentuado há 15 dias na Assembleia Municipal pelo facto de alguns deputados do seu partido terem votado favoravelmente uma espécie de moção de “censura” do MPT contra Manuel Almeida e em defesa do vice-presidente, Armando Neves.

O ambiente vivido no seio do executivo nas últimas semanas era de “cortar à faca” para Manuel de Almeida, que deixou de falar com o vice-presidente e o único vereador do PS na autarquia, Joaquim Valente. O corte de relações aconteceu depois do social-democrata ter abandonado uma reunião de Câmara em Agosto dizendo-se ofendido por declarações do socialista, subscritas por Armando Neves, que então presidiu à reunião na ausência de António Caetano. «Eu não podia ficar na sala. Os epítetos tiveram a ver com injúrias e nomes como mente malévola, neocolonialista, “bibelot” profissional do PSD e cartomante», desabafou Almeida, que na altura prometeu só voltar às reuniões do executivo quando o presidente regressasse de férias. Valente e Neves não se importaram e até reiteraram as suas posições. O primeiro acusou-o mesmo de «esquecer» as regras democráticas. «Acusei-o efectivamente de défice democrático, uma vez que não respeita as decisões da maioria, o que acho normal perante algumas posturas e atitudes de Almeida no executivo camarário. As minorias não podem colonizar, ou querer fazê-lo, as sessões de câmara», sublinhou o vereador do PS. Termos em que se reviu «completamente» o vice-presidente, eleito pelo MPT, dizendo não funcionar «com base em ameaças do vereador Almeida, que tentou pressionar o executivo. Sei os meus direitos e responsabilidades, lamento que ele assim não pense», explicou Armando Neves.

Mas a polémica não se ficou por aqui. Duas semanas mais tarde, Almeida voltou ao ataque e não poupou Neves. «É uma pessoa inexperiente, mas quer e é ávido de ter qualquer tipo de poder. Corre sempre atrás de quem lhe atirar o osso, foi assim com Júlio Santos e está a sê-lo com Joaquim Valente. Só que há uma diferença: com o primeiro, os putos iam sempre atrás, com segundo, os putos vão sempre à frente». O vice-presidente não se fez rogado e contra-atacou, dizendo que «toda a gente já viu que ele está a mais, o único que ainda não entendeu isso foi o vereador Manuel Almeida». O caso era agora entre Armando Neves e Manuel Almeida, com o primeiro a ganhar o “round” final na última Assembleia Municipal com a ajuda surpreendente dos deputados social-democratas. Contudo, em Maio de 2002, o vereador tinha antecipado e denunciado esta aproximação dos eleitos do MPT ao PS em Celorico da Beira. «Volta a haver neste momento em Celorico uma Câmara socialista, com três vereadores do PS e dois do PSD. Custe a quem custar, esta é a radiografia que faço e que aceito politicamente», sublinhou então em declarações a “O Interior”, dizendo-se preparado para um papel de oposição à «maioria» socialista.

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