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Mantendo a banda

Há um mês, quando escrevi o “Mudar de banda”, estava longe de imaginar que pudesse vir a ser convidado para passar das palavras aos atos, chegar-me à frente e colaborar num projeto alternativo ao status quo, ou ordem, reinante.

Por isso, todas as intervenções feitas aqui e que visaram o modus operandi do atual executivo camarário foram, apesar de políticas, acima de tudo, uma questão de cidadania porque políticos somos todos sempre que emitimos opinião acerca da administração da polis (do grego, cidade).

Querer, por isso, fazer passar a mensagem, por meio de paus-mandados, de que o movimento de cidadãos, gerado espontaneamente aquando do “assassinato” dos cedros, era já um proto-movimento com ambições políticas, que agora se escuda no CDS/MPT/PPM é, tão só e simplesmente, estúpido. Há alguma dificuldade nesta cidade em lidar-se com a diferença de opiniões e isso nota-se! Há, por parte de quem governa, uma ideia de perfeição sem mácula na sua forma de governar. Este ensimesmamento é ridículo, pueril e autista. É verdade que houve coisas bem-feitas, pudera! Após décadas de laxismo socialista ter um olho permitiu reinar. No entanto, os números não enganam e o concelho perdeu 2.300 habitantes entre 2011 e 2015, mas o IMI disparou no mesmo período mais 40 euros, para 180 euros por habitante em 2015 (em Viseu, o aumento homólogo foi de apenas 6 euros), sendo, por isso, o mais elevado por habitante, em comparação com os distritos concorrentes.

Portanto não está tudo bem, aliás, está muita coisa mal. As prioridades estão todas trocadas. Sem postos de trabalho não há pessoas, sem pessoas não há impostos e sem impostos não há dinheiro para gerir responsavelmente a cidade e o concelho.

Há, então, que mudar o paradigma de uma cidade que se quer moderna e que (quer) renasce(r).

E fico-me por aqui, no que à intervenção política diz respeito, neste espaço nos próximos tempos, pois não pretendo cair no ridículo a que se prestam algumas figuras de segunda linha, nas ondas hertzianas, em falsos frente-a-frente de um só partido. Sem contraditório não tem piada nem é sério, é apenas mau jornalismo. Pelo menos neste jornal, de que me orgulho de fazer parte como colaborador, haverá sempre a possibilidade de rebaterem as minhas divagações, se acharem por bem.

A partir de hoje, e até às eleições de 1 de outubro, destas teclas só sairão raposas-bebé, coelhinhos felpudos e bambis.

Não ficaria bem com a minha consciência utilizar este espaço para promover qualquer lista concorrente, apesar de, eventualmente poder vir a fazer parte de uma. A paixão da escrita resulta de acharmos que estamos, de coração, a analisar o que nos rodeia, livres de preconceitos ou grilhetas, sejam de que tipo forem.

Para mim, colocar-me ao serviço de alguém ou de algo aqui para tirar dividendos políticos para uma das partes seria desvirtuar o conceito de crónica, construída a partir de pensamento livre e isso é algo de que não quero abdicar.

Eu fui sempre crítico do modo de governação do meu município. Isso aconteceu desde o primeiro momento, não é só de agora nem veio com as árvores. Chegou, então, o momento de passar à ação, mas não neste espaço. Até outubro só linhas com boas vibrações e energias, porque a “silly season” aproxima-se, o benfas conseguirá, muito provavelmente, o tetra e lá fora está um dia lindo de sol. Paz.

Por: José Carlos Lopes

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