P – Que balanço faz da participação da ADM no Campeonato Nacional de Seniores?
R – No início da temporada fixei à equipa técnica e ao plantel dois objetivos muito concretos. Em primeiro lugar, conseguirmos dignificar o clube, o concelho de Manteigas e o distrito da Guarda. Em segundo, o de conseguirmos a manutenção neste campeonato. Neste momento, posso afirmar com convicção que o primeiro objetivo já está a ser conseguido e que mantemos intactas as possibilidades de atingirmos o segundo.
P – Ambicionava que a equipa tivesse mais pontos nesta fase da época?
R – Claro que sim. Sobretudo porque no campo fizemos por merecê-los. Se o desporto, e o futebol em particular, fosse justo nós tínhamos mais pontos neste momento e estávamos sensivelmente a meio da tabela. Saímos verdadeiramente frustrados de alguns jogos, como, por exemplo, o realizado em casa do Nogueirense, em que vencíamos por 0-2 aos 90’ e o árbitro assinalou duas grandes penalidades contra nós aos 92’ e 96’, uma das quais absolutamente inacreditável, e o jogo terminou empatado. Em Oleiros, contra o Águias do Moradal, criámos 6/7 ocasiões muito claras para marcar e não concretizámos nenhuma. O nosso adversário acabou por vencer através de um autogolo a terminar a partida. E há mais exemplos.
P – Continua a acreditar que é possível alcançar a manutenção?
R – Naturalmente que sim. Hoje, conhecendo o campeonato e toda a sua envolvência, nomeadamente as equipas em competição, os jogadores, treinadores e o próprio nível das equipas de arbitragem, sinto-me muito mais habilitado para ter uma opinião sobre o objetivo “manutenção”. Verifico que há equipas que contam com muitos profissionais nas suas fileiras e outras que têm poucos. O Manteigas é a única equipa sem qualquer profissional no plantel. No entanto, não vislumbro grandes diferenças organizacionais de base entre a ADM e clubes que andavam na antiga IIª Divisão Nacional B há bastantes anos. A principal residirá na escala de recrutamento que a nossa situação geográfica não propicia. Apesar disso, continuo a considerar que a manutenção está ao nosso alcance, mas obviamente vai obrigar-nos a sermos ainda melhores, como equipa e como clube.
P – A direção mantém total confiança na equipa técnica?
R – Claramente. Nós acompanhamos de perto o trabalho visível e invisível que a equipa técnica tem feito e estamos-lhes reconhecidos pelo empenho, vigor, competência e paixão que têm demonstrado ao serviço do nosso clube. O José Carvalho, o Francisco Barros e o Carlos Sacadura são uma verdadeira equipa porque, além de se complementarem, decidem sempre em conjunto. Além do mais, têm exigido deles próprios, dos jogadores e do clube que cresçamos todos os dias. E sinto efetivamente que a ADM tem crescido como clube pela sua ação.
P – O plantel vai ser reforçado no “mercado de inverno”?
R – Estamos neste momento a estudar esse tema. Sentimos que a equipa é competitiva, que evoluiu bastante desde o início da época, que se tem batido cara-a-cara com quase todos os adversários, talvez com a exceção do Benfica e Castelo Branco, que revelou uma qualidade bem acima de todos os outros, que já não comete os erros grosseiros das primeiras jornadas, mas que talvez lhe falte um ou outro jogador que possa desequilibrar os jogos a nosso favor.
P – No início da época, o clube optou por reforçar-se apenas com jogadores da região. Poderão agora chegar atletas de outras zonas?
R – De facto a nossa opção inicial foi essa. Transportar a nossa equipa de sucesso regional (distrital) para o campeonato nacional, reforçando-a com alguns jogadores de qualidade da região. Fizemo-lo, fundamentalmente, por duas razões. Por um lado porque não queríamos destruir a equipa/plantel que levou dois anos a construir e porque, não tenhamos ilusões, o nosso orçamento não permitia, e não permite, cometer loucuras de, nomeadamente, rechearmos o nosso plantel com jogadores profissionais. Nesta altura, pelas razões já apontadas, de numa ou noutra posição nos faltarem jogadores que desequilibrem o jogo, e porque também se produziram algumas saídas que não contávamos (Miguel Hortelão e Ricardo Quelhas), estamos a estudar algumas hipóteses de poder vir um ou outro jogador de outras paragens.
P – Há dinheiro para fazer esse reforço do plantel?
R – O dinheiro não abunda, pelo contrário, é sempre escasso, sobretudo para a nossa ambição. Posso dizer, por exemplo, que o protocolo em vigor com a Câmara de Manteigas, que é o suporte principal das atividades da ADM, é exatamente o mesmo de quando a equipa militava há quatro anos na IIª Divisão Distrital. Ou seja, teremos de ser ainda mais criativos e de trabalhar ainda mais para podermos, entre outros propósitos, reforçar a equipa. Basicamente, fazer mais com menos. Contudo, tivemos recentemente um sinal muito positivo dos nossos associados que, em assembleia geral, deliberaram por unanimidade aumentar significativamente os montantes das quotas anuais, dando o seu próprio impulso para que a equipa se possa manter neste patamar competitivo.
P – Fala-se na hipótese do Sporting poder emprestar alguns jovens dos seus quadros à ADM. Confirma-se esta hipótese?
R – Confirmo que tenho conversado com alguns dos seus responsáveis, nomeadamente da Academia e do Sporting B, mas será muito difícil vir alguém diretamente do Sporting Clube de Portugal porque a política é valorizar a equipa B, cujo plantel não é extenso, e, a haver “rodagens”, será em patamares ainda mais competitivos do que aqueles onde se move a equipa B, ou seja, em clubes da Superliga, com os quais naturalmente não podemos ombrear. Mas o universo Sporting, como grande clube nacional que é, vai muito para além dos seus próprios quadros e, portanto, encontra-se ainda, por essa via, uma porta aberta. Contudo, estamos a avaliar outras hipóteses, sempre com o intuito de ser alguém que, pela sua qualidade, entre de caras na equipa e faça a diferença porque de outra forma não nos interessa.