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Manifesto de apoio a Gomes

Abaixo-assinado contesta escolha de Ana Manso

A polémica à volta da escolha do candidato do PSD à presidência da Câmara da Guarda continua. Depois da propalada reunião da concelhia, em que ficou decidido que Ana Manso voltaria a encabeçar a lista laranja, muito se tem discutido o processo e a forma como decorreu esse conclave. Os contestatários à presidente da distrital apressaram-se a criticar publicamente a escolha, obrigando mesmo o presidente da concelhia, Couto Paula, a pedir desculpa pela forma como o processo decorreu e a assegurar que, para já, a decisão era apenas convidar Ana Manso para candidata. A deputada e putativa candidata afirmou então que apenas «havia ruído», desvalorizando a polémica.

Ana Manso queria, pois, deixar assentar a poeira e decidir. Entretanto, e quando tudo parecia indicar que os críticos da líder laranja já tinham desistido de tomar qualquer posição, eis que aparece um manifesto contra a escolha de Ana Manso. Inicialmente gerado de forma espontânea por alguns militantes descontentes (e no seguimento de um suposto boato, posto a circular durante o fim-de-semana, segundo o qual Marques Mendes já teria confirmado o nome de Ana Manso), o manifesto transformou-se num autêntico abaixo-assinado que pretende apresentar ao novel presidente do PSD uma tomada de posição sobre «a melhor opção» do partido para a Guarda. «Prefigura-se uma candidatura protagonizada por Ana Manso, mas que dificilmente poderá ser vitoriosa…», refere o documento, que conclui que a melhor opção para o «partido e para o concelho» deverá ser protagonizada por José Gomes, «por ser a pessoa melhor posicionada para ganhar as eleições».

O manifesto foi distribuído segunda-feira e, à hora de fecho desta edição, já terá recolhido mais de 500 assinaturas. António Júlio Cardoso, presidente da concelhia da JSD da Guarda, confirmou a existência do manifesto que, inicialmente, não teria grandes pretensões: «Mas agora penso que durante estes dias mais de 1.000 pessoas o irão subscrever», refere, sendo esta uma forma de contestação pela eventual aposta em Ana Manso. Segundo o dirigente da Jota, o objectivo é enviar o documento e abaixo-assinado à direcção nacional do PSD nos próximos dias e pedir uma reunião ao presidente do partido, a quem dirão que «na Guarda há um desejo de mudança e que a pessoa certa para interpretar essa mudança é José Gomes». «Esta é a vontade de muitas pessoas, militantes ou simpatizantes do PSD, que não se revêem numa candidatura de Ana Manso», garante António Júlio, acrescentando que quem assina «não se esconde, nem se envergonha, e ao assinar dão a cara por outra opção». Para o jovem dirigente «há muitas pessoas, dentro e fora do partido, que consideram a opção por Ana Manso um erro», acrescentando, no entanto, que este manifesto não é contra ninguém, «mas em defesa de uma candidatura forte do PSD». Recorde-se que na reunião da concelhia em que foi decidido “convidar” Ana Manso para encabeçar a lista do PSD a opção José Gomes teve três votos (dois dos delegados da JSD e um de João Prata, presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel – a única freguesia urbana laranja) e nove votaram na escolha da líder distrital.

Ao tomar conhecimento deste movimento, José Gomes mostrou satisfação limitando-se a afirmar que «se imperar o bom-senso e o querer das pessoas da Guarda, serei o candidato do PSD e o futuro presidente da Câmara». Para o actual director de Estradas de Coimbra, «independentemente das consequências deste movimento, é o partido que sai a ganhar pela dinâmica e, seja quem for o candidato, o partido sairá reforçado deste processo de debate». Até ao fecho da edição não foi possível contactar Ana Manso.

Luís Baptista-Martins

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