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Mais meios não garantem acessos à Torre quando neva

Garantia é de António Ramalho, presidente da EP/REFER, após visita ao Centro de Limpeza de Neve dos Piornos

«Nem com mais meios seria possível permitir o acesso ao maciço central da Serra da Estrela nos dias em que a estrada está encerrada devido à neve». A constatação é de António Ramalho, segundo o qual «não é por fazermos uma fila de limpa-neves que conseguimos abrir a estrada para a Torre».

O presidente da EP/REFER visitou o Centro de Limpeza de Neve (CLN) dos Piornos, na passada quinta-feira, onde declarou que a decisão de fechar estradas cabe às autoridades após parecer do CLN, que tem «sempre como base a segurança das pessoas e bens». De resto, o responsável invocou a orografia para justificar o que se passa na montanha mais alta do continente, lembrando que a Serra da Estrela está a menos de 100 quilómetros da costa atlântica – o que contribui para que a neve se transforme rapidamente em gelo – e é uma das poucas montanhas com uma estrada até ao topo, com cerca de 15 quilómetros. «São fatores que têm de ser equacionados e que nos obrigam a ser particularmente cautelosos», afirmou António Ramalho, lembrando que 60 por cento do tempo em que as estradas estão encerradas é de noite.

No final de janeiro, os autarcas da Covilhã e Seia exigiram à Estradas de Portugal (EP) mais eficiência na limpeza de neve nas estradas do maciço central e propuseram assumir a gestão do CLN. Na altura, Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, disse que era «incompreensível» que a região não tire partido do potencial da neve devido à gestão do centro de limpeza. Passado quase um mês, o presidente da EP/REFER considerou «excessiva» esta tomada de posição, mas reiterou «inteira disponibilidade» para colaborar na resolução deste problema. Aliás, nesta visita aos Piornos, António Ramalho deu a conhecer todo o protocolo e forma de funcionamento do Centro de Limpeza – de acordo com as prioridades estabelecidas nas diferentes cotas de altitude – a detalhou os meios técnicos e humanos disponíveis. «Temos 17 colaboradores, com uma média de 14 anos de experiência, que estão distribuídos em duas equipas e que asseguram o trabalho 24 horas por dia, sete dias por semana», disse.

O gestor negou ainda a intenção de construir, pelo menos nos próximos cinco anos, os túneis na Serra da Estrela. «Só em investimento estávamos a falar de mil milhões de euros e, eu acho, que em Portugal temos outras prioridades», afirmou António Ramalho, após ter sido confrontado pelos jornalistas com a reivindicação antiga dos autarcas da região. «Essa questão foi estudada na devida altura e no quadro das parcerias público-privadas, que entretanto acabaram por não se concretizar. É uma situação que vai manter-se, até porque, neste momento, a prioridade de Portugal está centrada no reforço do investimento ferroviário de acesso aos portos e não nos investimentos rodoviários», acrescentou o responsável.

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