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Mais medalhas e botões

Saliências

Os meus botões continuam a exigir-me raciocínios olímpicos. O mérito dos atletas que passam horas em trabalho diário, que não recebem grandes apoios por isso, que não têm os melhores técnicos, os melhores métodos, os melhores aparelhos, nem as melhores instalações é incriticável. Treinar priva-os de muitas outras coisas e só quem o faz pode entender as razões que os motivam. Aquela gente tem uma fibra especial, um desejo muito marcado de vencer. São necessários mais e melhores, mas não culpem os que treinam e na hora da prova falham. A maior das frustrações é deles e não dos artistas da bancada. Correr todos os dias para um “meeting” e cair. Lutar três anos por um tempo e ficar aquém. É muito investimento pessoal, muito empenhamento, muita hora de esforço e motivação que cai em lágrimas sentidas, frustradas. O treino da alta competição merece respeito, porque a prestação ao nível máximo é matéria de auto-estima, característica de gente peculiar. Os meus botões imaginam o esforço desta malta e invejam a sua fibra mental e física. Nunca fui muito forte, nunca muito resistente, nunca muito habilidoso e vi gente desta passar por mim com a pujança da gazela, a força do touro e a persistência das aves de rapina. Trabalhavam os seus dotes mais do que eu, cada dia se afastavam mais das minhas habilidades. São especiais e se fossem três vezes mais estávamos três vezes melhores. Ou ainda não perceberam que os nossos bons atletas são muito poucos devido à estúpida política de educação? Temos menos cientistas, menos doutorados e menos desportistas. Pensem na Hungria, na Holanda e na República Checa. E lá se meteram nas casas os botões. Em resposta hoje escrevi dezenas de páginas para uma medalha inexistente.

Por: Diogo Cabrita

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