A democracia moderna nasceu com os jornais. Carradas de estudos mostram que há uma correlação positiva entre a qualidade de uma democracia e a liberdade de imprensa.
Para começar, é bom que tenhamos todos consciência destas verdades elementares. E, no entanto, a imprensa vive tempos difíceis. Os especialistas preveem o fim das edições em papel dos jornais num futuro não muito longínquo. 2020? 2030? Na verdade, ninguém sabe ao certo, mas os sinais parecem apontar, de facto, nesse sentido. Isto coloca novos desafios e problemas à imprensa. Já se escreveram milhares de páginas especulativas sobre o futuro. Quem pagará a informação, agora que soluções como o jornalismo cívico ou o jornalismo dos cidadãos se revelaram quimeras? O leitor? A publicidade? Até que ponto a publicidade online funciona, captando a atenção do leitor em vez de provocar irritação a quem navega por sites informativos? Poderá haver um papel para o Estado nesta equação, financiando projetos de comunicação considerados relevantes pela sociedade? Enfim, as questões são muitas e as certezas poucas.
Tudo o que disse acima se complica ainda mais quando pensamos na imprensa local. Mercado mais pequeno, menos publicidade, maior proximidade (logo mais pressão) do poder político. No meio de tudo isto, é uma sorte para todos os guardenses que um projeto como O INTERIOR continue de boa saúde, ao fim de 17 anos de vida. Este feito deve-se a várias pessoas, mas, no meio do palco, está obviamente o Luís Baptista-Martins. Até ver, conseguiu sempre adaptar o jornal às mudanças. Esperamos que essa capacidade de antecipar as ameaças que se desenham no horizonte não esmoreça. Porque precisamos todos de mais INTERIOR.
Por: José Carlos Alexandre
* Colaborador de O INTERIOR