Depois do boicote às sessões de formação no curso de Animação Sociocultural, da Associação Comercial da Guarda (ACG), duas outras turmas decidiram na passada segunda-feira fazer o mesmo, também em protesto contra alegados atrasos no pagamento de verbas por parte da instituição – neste caso relativas a subsídios de alimentação e transporte.
De acordo com um formando envolvido nesta acção, que prefere não se identificar, os cursos em causa são Padaria e Pastelaria, com equivalência ao 9º ano, e Técnico de Óptica Ocular, que permite aos alunos tirar o 12º ano, ambos a decorrer no Ninho de Empresas do Conhecimento, em Figueira de Castelo Rodrigo. São 20 alunos em cada turma. Em causa estão, segundo outra aluna, a frequentar o curso Técnico de Óptica Ocular, três meses de atraso a todos os formandos, sendo que «há pessoas a quem ainda nem foi pago nada desde o início, que foi em Fevereiro». «E há quem nem tenha contrato sequer, apesar de todos terem entrado na mesma altura», denuncia a formanda, que também pede anonimato, ao referir que cada aluno tem direito a receber mensalmente entre 90 a cem euros. Por isso, os formandos marcaram presença nas aulas na segunda-feira, mas recusaram-se a participar ou a executar os trabalhos apresentados pelos formadores. Ao contrário do que acontece com o curso de Animação Sociocultural, nestes dois cursos, pós-laborais, os formandos não têm direito a bolsas.
A formanda refere que o descontentamento dos alunos foi comunicado ao coordenador do curso de Técnico de Óptica Ocular por um dos elementos da turma, que o terá informado da intenção de avançarem para o protesto. Na última terça-feira, ao final da tarde, a aluna explicava que a acção poderia vir a ser suspensa nessa mesma noite, «no caso de o coordenador aparecer na aula e apresentar soluções». À hora de fecho desta edição, não foi possível saber se tal chegou a acontecer. Contactado por O INTERIOR, o presidente da ACG, Paulo Manuel, afirmou que a instituição «tem tudo em dia com os dois cursos», negando existir qualquer boicote às sessões de formação. «Foi tudo processado», assegurou este responsável. Entretanto, na última segunda-feira, os formandos de Animação Sociocultural, na Guarda, suspenderam o boicote que tinham iniciado a 19 de Junho, depois da ACG ter garantido liquidar as bolsas em atraso. Neste caso, cada aluno recebe cerca de 400 euros por mês. «Toda a situação no curso de Animação Sociocultural já está regularizada», assegurou Paulo Manuel, que disse que tudo se deveu a atrasos na recepção de verbas do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH).