O ser humano apresenta um conjunto de características físicas e psicológicas que o distinguem de todos os outros seres concedendo-lhe marcas pessoais e intransmissíveis. Se ao nível psicológico estamos a falar das atitudes e dos comportamentos de cada indivíduo, ao nível físico referimo-nos às impressões digitais que cada um de nós tem e que constitui uma fonte de identificação. Estas impressões são “os desenhos, deixados em uma superfície lisa, formados pelas papilas, elevações da pele presentes nas polpas dos dedos das mãos”.1) As papilas são formadas ainda durante a gravidez e acompanham o indivíduo durante toda a vida, sem sofrerem grandes alterações.
As impressões foram encontradas em pequenas placas de argila que datam da época da Babilónia e caracterizam-se pela presença de formas e pontos característicos que permitem identificar os indivíduos com bastante fiabilidade. É esta metodologia de comparação entre uma impressão digital recolhida no local do crime e a base de dados que é utilizada pela polícia numa investigação policial que permite identificar um suspeito. Esta metodologia apesar de ser bastante fiável é lenta ao nível de processamento da informação, uma vez que muitas impressões poderão não fazer parte da base de dados da polícia. Sendo muitas vezes o tempo o elemento essencial na solução de uma investigação, um grupo de investigadores do King´s College de Londres descobriu novas potencialidades nas impressões, de forma a agilizar a investigação criminal.
Esta nova técnica vai muito para além da mera identificação do possível suspeito, uma vez que permite saber muitas informações do modo de vida e estado de saúde de um individuo. Esta metodologia permite saber se o suspeito fuma, se bebe, se se droga, se sofre de uma determinada doença, ou se toma um medicamento específico, no sentido em que este processo permite evidenciar os marcadores químicos presentes os vestígios de suor deixados pelos dedos.
A aplicação de uma solução específica sobre as impressões fará com que esta adquira um cor especifica de acordo com o marcador químico presente no suor. Este marcador detecta a presença de determinada substância. Estes investigadores trabalham também em soluções que identificam se um individuo tomou determinado medicamento ou se manipulou explosivos.
Apesar da aplicação imediata desta técnica se situar ao nível da investigação criminal, outras aplicações podem ser desenvolvidas como a detecção de doenças como o cancro.
Sempre que uma questão sobre a identificação de características físicos como sejam ou mais recentemente o material genético surge acoplada a esta questões de ética e direito de propriedade. Este caso não é excepção, existindo já pressões de grupos defensores destas matérias para evitar que esta metodologia avance, uma vez que “pessoas inocentes poderão tornar-se suspeitas de crimes se tiverem o azar de corresponder a um perfil”. Esta e outras questões relacionadas com o bilhete de identidade biométrico poderão ser acompanhadas em próximos episódios em diferentes locais do globo.
Por: António Costa